O poder, como lembrava Carlos Lacerda em seu livro “Depoimento”, só é gratificante para aqueles que nele veem algo mais do que a ribalta. Só bem o exercem aqueles que têm nele, não um fim em si, mas um meio, um instrumento para realizar mudanças. Quem não o entende dessa forma acaba devorado, como enigma da esfinge. Ou, então, tem o desencanto de, em pleno voo, como Ìcaro, perceber que suas asas derreteram ao sol.
A festa da posse do nosso novo prefeito Gustavo Martineli e Ricardo Benassi foi grandiosa. Um público enorme, entusiasta, se fez presente. Tinha até aquelas pessoas que mudam de camisa, conforme a temperatura política. Não faltaram na sua essência os efusivos aplausos bem merecidos. Lembrei-me das palavras de Carlos Lacerda e, antevendo o novo comando político da cidade, que o povo elegeu com maioria, busquei numa lição milenar de um mestre chinês, como um líder pode formar um secretariado vitorioso.
O conto se intitula: A firmeza da Roda.
Quando o imperador Liu Bang unificara a China, a comemoração foi feita com uma grande festa. Todo o primeiro escalão do exército e da política, foram convidados, além de poetas, artistas e professores. Entre eles, o mestre de que relato o conto.
Enquanto a comida era servida, liam-se discursos, distribuíam-se condecorações. Todos pareciam alegres, menos os discípulos do mestre e um deles falou; “tudo é grandioso e apropriado para a ocasião, mas a razão da comemoração é um enigma para nós”. O que não conseguimos entender é o próprio imperador. Ele não pode reivindicar conhecimento em logística, batalhas e diplomacia. Então como é que pode ser ele o imperador?
O mestre sorriu e convidou seus discípulos a imaginar a roda de uma carruagem.
“O que determina a resistência de uma roda que leva adiante uma carruagem? Um dos discípulos respondeu: “não é a firmeza dos raios da roda mestre”? Ao que o mestre replicou; “porque, então duas rodas feitas de raios idênticos diferem entre si em resistência? Raios fortes, mas dispersos erradamente fazem uma roda fraca. O potencial pleno desses raios depende da harmonia com que sejam dispostos.
Depois de colocar indivíduos em posições em que liberam todo o seu potencial, o comandante assegura a harmonia aos lhes dar crédito pelas conquistas.”
A população jundiaiense conferiu a Gustavo Martinelli e Ricardo Benassi uma dose elevada de carisma, uma vez que lhe atribui, por maioria, os dons da autoridade, da liderança e ousadia. Para provar sua confiabilidade e competência basta tão somente acreditar nas promessas que autografou. À sua equipe de secretários, agora empossada, que o projeto, ora apresentado, seja levado a sério. Sabemos que a travessia é longa e penosa. Haverá, é claro, de abrir-se mão de muitas coisas: privilégios, reservas, assistencialismo, clientelismo etc., não importa. Busque-se a luz.
Fazemos votos que toda esta equipe de secretários, como a imaginar a roda de uma carruagem, cresça voltada para seus comandantes, o prefeito Gustavo Martinelli e Ricardo Benassi, com devoção, retribuindo a confiança nela depositada, sempre pela grandiosidade de Jundiaí.
Guaraci Alvarenga é advogado
