Festas de fim de ano.
O tema soa, para mim, esgotado. Balés e ensaios com temas natalinos foram escritos, assim como contos, livros, teses etc.
E filmes? Uma verdadeira enxurrada e películas água-com-açúcar que amolecem o coração da mais cruel pessoa.
É ingrato chegar ao fim de um ano terrível e contemporizar tudo por causa de um pretenso clima natalino. E desde já deixo claro que não estou falando da comemoração religiosa em si, que tanta importância tem para mim e para os católicos de forma especial. Mas até nisso às vezes há uma falta de compreensão, afinal, essa não é a data mais importante do calendário litúrgico. A Páscoa supera (ou ao menos deveria) tudo dada a sua importância. Mais importante que o nascimento de Nosso Senhor é a Sua ressurreição.
Mas além disso, preciso fazer uma confissão: nem eu e nem minha família somos fãs dessas comemorações. Nunca fomos. E tal apatia pelo Papai Noel não é algo que causou traumas. Pelo menos em mim...
Particularmente me incomodava sobremaneira os gastos, os encontros forçados, as confraternizações onde a comida parece não ter fim e a obrigação moral de estar feliz quando, por exemplo, num amigo secreto, você dá um bom presente mas recebe, em troca, um chaveiro.
Entretanto, esse ano, que foi terrível para mim, está no fim. E eu não vejo a hora de acabar com ele e recomeçar em 2025 com tudo. O que quero, ao contrário de todas as outras festas nos anos anteriores, é celebrar o fim de um ciclo.
E acho que raciocinando sobre isso, em frente à tela do computador enquanto rabisco estas linhas, sinto uma vontade de me reconciliar com o fim do ano. Com as comemorações. Hoje vejo meu sobrinho querido e a animação dele em ter a gente em sua casa comemorando. E isso me anima. Hoje vejo que meus pais não estarão aqui eternamente, e isso me compele a estar mais com eles. Nada melhor que comendo e bebendo coisas boas que só se come na mesa da mamma.
Hoje vou a comemorações profissionais e me alegro em ver as pessoas soltas, relaxadas, fora do rigor do trabalho. Hoje me alegro mais ainda em frequentar a linda Missa do Galo do Mosteiro de Vinhedo. Hoje acabo percebendo que não há nada de ingrato em contemporizar as dificuldades de um ano todo em nome de alguns momentos de alegria com pessoas que nem sempre vejo.
Que viva o Natal, enfim!
Que as Festas amoleçam nossos corações. Que nos tornemos pessoas melhores. Sempre.
Samuel Vidilli é cientista social
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