OPINIÃO

E se todo dia fosse Natal?


| Tempo de leitura: 3 min

Natal é tempo de reflexão e esperança. O nascimento de um homem fantástico, filho de Deus, que veio há 2024 anos nos ensinar bondade, compaixão, altruísmo, caridade, o não-preconceito, o não-julgamento e tantos outros sentimentos magníficos. Não vou entrar na seara histórica que neste momento me pesa o coração, pois, na verdade, nossa civilização progrediu tão pouco nos temas acima e somos o que somos, uma sociedade calcada no ódio e desavenças. 

Entretanto, estamos perto do Natal, cuja data nos oferece uma possibilidade enorme de alegria e sentimentos de renovação. Neste momento, paramos para olhar ao próximo, para oferecer cestas básicas aos centros espíritas e igrejas, nos doamos para as centenas de ONGs presentes em Jundiaí, uma cidade solidária, com certeza.  (Alerta de spoiller: nossa matéria especial de Natal, da edição 24/25 encheu meus olhos de lágrimas, com a honra de conhecer Mara Pereira, da ONG Fios Encantados.)

Mas, vamos combinar, não dá para sermos solidários só no Natal. Não dá para ter uma família unida e fraterna somente nesta data. Porque vivemos nos outros 364 dias do ano. Muitas famílias fazem um esforço danado para não brigar nesta noite de comemoração, para praticar tolerância e paciência. Nem sempre dá certo, eu sei, mas é tão válido despertar estes bons sentimentos em nosso coração, mesmo que o esforço, no final, seja vão. 

Mas meu convite é para refletir se a gente não pode ser tudo isso o ano todo? Eu não sei vocês, mas faz tempo que optei por passar o Natal com minha pequena família, já que meus pais infelizmente já se foram, cozinhando juntos, assistindo a filmes românticos antigos na TV, revivendo tradições que eu fazia quando os meus filhos eram pequenos. Convido sempre minhas amigas próximas, que já estão também se desgarrando das famílias-mães por ausência daqueles que amamos. Fazemos sobremesas para as crianças, acendemos luzes, velas e conversamos olhando nos olhos uns dos outros, com o amor que transborda na nossa relação diária. 

É isso, acho que o Natal de verdade é um reflexo do que somos. E o que somos é também o reflexo de como tratamos o nosso próximo. Se a gente consegue cultivar tolerância e paciência no Natal, por que não no ano todo?

Parece utópico, mas não o é. Existem ferramentas fantásticas que nos auxiliam a nos manter em equilíbrio, já que a paz e a calma se iniciam dentro de nós mesmos. Você pode nomear do jeito que quiser (nesta fase da minha vida pouco me importo com o nome das coisas), oração, meditação, reflexão. A verdade é que é preciso estar consciente dos pensamentos diariamente e utilizar esses recursos para não falarmos besteiras, para não ferir o próximo e para orientar os nossos passos. Além disso, usar a meditação para nos centrar, para trazer paz. 

Uma pessoa que medita e ora não sai do seu centro porque ela reconhece o dano que a cólera e o ódio fazem ao seu próprio corpo. E ela reconhece o dano que uma ação intempestiva traz ao seu entorno. Ninguém pode nos tirar do nosso centro e da nossa paz. 

Que todos possam cultivar o espírito natalino durante o ano todo. Meus sinceros desejos para você, leitor, e sua família.

Ariadne Gattolini é jornalista e escritora. Pós-graduada em ESG pela FGV-SP e editora-chefe do Grupo JJ

Comentários

Comentários