A Doutrina Espírita possui um tríplice aspecto: Ciência, Filosofia e Religião. Emmanuel, mentor de Chico Xavier, numa mensagem intitulada “O sublime triângulo”, assim se expressa sobre o alicerce dessa doutrina: “A Ciência, a Filosofia e a Religião constituem o triângulo sobre o qual a Doutrina Espírita assenta as suas próprias bases, preparando a humanidade do presente para a vitória suprema do Amor e da Sabedoria no grande futuro”.
Kardec nos explica que: "O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é a ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal".
Sabe-se que a filosofia nasce quando o homem pergunta, interroga, cogita, deseja saber o "como" e o "porquê" das coisas, dos fatos, dos acontecimentos. O caráter filosófico do Espiritismo está, portanto, no estudo que ele faz do homem, de seus problemas, de sua origem e de sua destinação. Que somos? De onde viemos? Para onde iremos? Eis as clássicas perguntas que a Filosofia Espírita responde com notável clareza.
O Espiritismo é, no sentido filosófico, uma religião. Assim o disse Kardec em memorável publicação na "Revista Espírita" de dezembro de 1868; mas não se constitui, no sentido comum, em mais uma religião, visto que não possui cultos instituídos, igrejas, rituais, dogmas, mitos ou crendices, nem tampouco hierarquia sacerdotal. Consideramo-lo religião, no sentido literal da palavra, que quer dizer religar, ou seja, promover e nossa ligação, conexão, com Deus. Estabelece um laço moral entre os homens, conduzindo-os em direção ao Criador, mediante a vivência dos ensinamentos morais do Cristo.
A Doutrina Espírita, como Ciência, procede da mesma maneira que as ciências positivas, isto é, aplica o método científico experimental. Fatos novos que se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas, somente pelo ponto de vista materialista, são observados, comparados, analisados e, partindo dos efeitos às causas, chega-se à lei que os rege. Depois as consequências são deduzidas e busca-se as aplicações úteis. Allan Kardec usou este método para fazer a codificação Espírita e todos os seus princípios foram deduzidos desta maneira, assim, nenhuma teoria foi preconcebida. Ele demonstra experimentalmente a existência da alma e sua imortalidade, principalmente por meio do intercâmbio mediúnico entre os encarnados e os desencarnados.
Em seu aspecto científico e filosófico, nos lembra Emmanuel, a Doutrina Espírita será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos de natureza intelectual, que visam promover o progresso da Humanidade, sendo este o objetivo principal do Espiritismo.
Eduardo Battel é médico urologista, expositor Espírita e Coordenador da Liga de Medicina e Espiritualidade da FMJ (ebattel@hotmail.com)