OPINIÃO

A importância da indústria para a economia circular


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As mudanças climáticas exigem transformações profundas na sociedade para que todos se adaptem a uma economia de baixo carbono. Para o setor produtivo, a economia circular é uma das maneiras de contribuir de forma significativa para esta nova realidade – e a indústria é chave neste processo.

O setor está atento a isso, como mostra uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizada em parceria com o Centro de Pesquisa em Economia Circular da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o levantamento, 85% das indústrias no Brasil desenvolvem pelo menos uma prática de economia circular. Ao implementarem este sistema, 68% dos empresários afirmaram que as medidas contribuem para a redução de gases de efeito estufa, iniciativa importante para diminuir o aquecimento global.

Entre as principais medidas adotadas, metade das indústrias informa que tem programas de sustentabilidade e adota práticas que melhoram a efetividade dos ganhos ambientais; 42% substituem material virgem por reciclado e criam produtos que podem ser recuperados; e 40% fazem reúso de efluentes tratados na produção e desenvolvem produtos com maior durabilidade, entre outras iniciativas. A adoção de logística reversa e reciclagem também são mencionadas pelos empresários.

O sistema circular difere do linear, que se caracteriza pela sequência extração-produção-consumo-descarte. No circular, o modo de produção é repensado para que haja um fluxo circular dos recursos, reduzindo a geração de resíduos, o que contribui para o desenvolvimento sustentável.

O objetivo é conservar o valor dos recursos extraídos e produzidos, de forma que continuem em circulação por meio de cadeias produtivas integradas. Este modelo prioriza o reaproveitamento de resíduos, o reparo, o reúso e a remanufatura.

Com a sustentabilidade no horizonte de todos, a economia circular vem ganhando cada vez mais tração. No ano que vem, Fiesp e CNI serão anfitriões do maior fórum de economia circular do mundo (WCEF), capitaneado anualmente pelo fundo finlandês Sitra, o que dará ainda mais visibilidade ao tema no Brasil.

No momento, está aberta uma chamada pública das entidades para selecionar exemplos de boas práticas da indústria em economia circular. Empresas da América Latina e Caribe podem participar. Os principais cases serão divulgados WCEF 2025, que será realizado em maio, na capital paulista
Paralelamente, o país vem construindo um arcabouço normativo. Em março passado, o Senado aprovou a Política Nacional de Economia Circular que prevê a conscientização da sociedade, compras públicas sustentáveis, financiamento para pesquisa, inovação tecnológica, incentivos fiscais e educação. A Câmara dos Deputados ainda precisa apreciar o texto.

O governo federal, por sua vez, lançou em junho a Estratégia Nacional de Economia Circular (Enec), que se integra à Nova Indústria Brasil, a política industrial elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

No contexto da Enec, foi criado o Fórum Nacional de Economia Circular, que ficará responsável pelo Plano Nacional de Economia Circular. A ideia é que o plano tenha metas, padrões e indicadores para a implementação deste sistema, conforme as seguintes diretrizes: eliminação de resíduos, manutenção do valor dos produtos, menos dependência de recursos naturais, aumento do ciclo de vida dos produtos, fomento à produção sustentável e regeneração dos sistemas naturais.

Uma indústria verde e sustentável é o futuro do nosso setor.
 
Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)

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