Nesta semana, o Facebook me enviou de volta uma postagem de há quatro anos do poeta Manuel Bandeira: “Eu gosto de delicadeza. / Seja nos gestos, / nas palavras/ nas ações, / no jeito de olhar/ no dia a dia/ e até no que não é dito com palavras, / mas fica no ar...”
E quem não gosta?
Percebe-se no cotidiano, inúmeras vezes, grosseria com o outro. Um dos casos, que me intrigou, foi o acidente que machucou bastante mãe e filha. O motorista, segundo contaram, após uma noite e um amanhecer bebendo, entrou na contramão, cantando o pneu e atropelou as duas. Saiu do carro, observou a barbárie e fugiu. Que brutalidade com o ser humano! Triste demais! E os custos do tratamento? Se vendesse o carro, para ajudar as vítimas de seu desatino, por certo acrescentaria em caráter.
Respeito pode ser movido por empatia, apreço ou deferência. Deve-se ser pelo menos cortês com o conhecido ou desconhecido. Dirigir alcoolizado ou sem respeitar as normas de trânsito é sinal de canalhice. Patifaria se cura fazendo o bem àquele que foi atingido por seus desvios.
Consideração, em minha maneira de ver, é mais do que respeito, acrescenta estima à pessoa. Não preciso ter estima para fazer o bem. Respeito pode-se exigir, benquerença não.
Padre Márcio Felipe de Souza Alves, reitor do Santuário Diocesano Santa Rita de Cássia, nos contou sobre um fato acontecido durante a Celebração dos 25 anos de Bispo de Dom Gil Antonio Moreira, na Catedral de Juiz de Fora na qual, dentre as autoridades religiosas, estava o Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Durante a homilia de Dom Odilo, entrou na catedral uma senhorinha, com vestido de estopa e um pequeno buquê, que ofereceu a Dom Gil. O segurança de um estacionamento ao lado tentou retirá-la, mas o homenageado disse que não. Após alguns instantes, tendo retribuído a atenção que lhe é dada, delicadamente, nosso Bispo Diocesano, Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, que tem olhos atentos além da aparência do ser humano, a conduziu do altar para um outro espaço.
Disse-nos, ainda, o Padre Márcio Felipe, que Dom Gil em sua fala ao final da Missa, comentou que o melhor presente que recebera, em suas Bodas de Prata de Episcopado, fora o ramo de flores da Graça – assim se chama a andarilha, que é sua amiga.
Nome significativo: Graça. Dádiva de Deus, que vem do Céu para Dom Gil e que ele nos transmite.
Que fato mais lindo, a consideração dele pelos pequeninos de Jesus, que são os sofredores, os excluídos. E o respeito e o carinho dela com ele, que a enxerga como filha de Deus. Experimentamos essa ternura dele, quando nosso bispo, pelas integrantes da Pastoral da Mulher/ Magdala.
O papa Francisco acaba de nos oferecer a sua quarta encíclica, “Dilexit”, que tem como tema o Sagrado Coração de Jesus. Conforme encontramos no site da Canção Nova, a publicação se dá em um dos momentos mais dramáticos para a humanidade, em meio a guerras, desequilíbrios sociais e econômicos, consumismo desenfreado e novas tecnologias que ameaçam desfigurar a essência do ser humano. (...) O papa pede uma mudança no olhar, na perspectiva e nos objetivos, para que seja recuperado aquilo que é mais importante e necessário: o coração. “Dilexit”. “Ele amou”. Assim seja!
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)
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