OPINIÃO

Corpo que não se movimenta doi


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O nosso corpo é uma máquina que foi projetada para o movimento. Desde os nossos ancestrais caçadores-coletores até os dias atuais, nossa biologia evoluiu em função da ação física. Mas o estilo de vida moderno, o trabalho sentado, dispositivos eletrônicos e muitas comodidades que reduzem a necessidade de esforço físico, nos impõe uma nova realidade: a inatividade! Ela também pode ser chamada de sedentarismo, um dos principais fatores que contribuem para o aumento das dores crônicas e prejuízos à saúde física e mental nos dias de hoje.

A ausência de movimentos afeta diretamente nossas articulações, que sem estímulos adequados, perdem mobilidade, flexibilidade e resiliência. Nossas articulações precisam de movimento para que haja lubrificação, evitando o atrito entre os ossos. Quando ficamos parados por longos períodos, essa lubrificação diminui, contribuindo para o surgimento de dores articulares e processos inflamatórios.

O tecido muscular também sofre com a falta de movimento. Com o tempo, ocorre a perda de massa muscular (sarcopenia), reduzindo a força e a capacidade funcional do corpo. A falta de movimento compromete demais a nossa postura, sobrecarregando regiões como a coluna vertebral e os quadris, resultando em dores lombares, cervicais e tensões crônicas. O nosso coração é um músculo, precisa ser desafiado com treinamentos para permanecer batendo forte, levar sangue e oxigênio por todo nosso corpo.

Outro aspecto vital é a saúde óssea. O movimento, principalmente exercícios com impacto moderado, são fundamentais para produção de células ósseas, responsáveis por manter a densidade óssea e evitar condições como a osteoporose. Quando o corpo não é submetido a estímulos de carga ou impacto, os ossos tornam-se mais frágeis, aumentando o risco de fraturas e lesões com o passar dos anos.

A falta de movimento impacta diretamente nosso cérebro. Pesquisas revelam que a atividade física regula e estimula a produção de neurotransmissores como serotonina e dopamina, responsáveis pela sensação de bem-estar. Quando não nos movimentamos, o cérebro reduz a liberação desses neurotransmissores e pode contribuir para o surgimento de sintomas depressivos, ansiedade e estresse.

Além disso, a inatividade reduz a capacidade cognitiva ao longo do tempo. Movimentar-se, especialmente em atividades coordenadas como o treinamento funcional ou exercícios com padrões específicos, melhora a conexão neuromuscular e promove um cérebro mais ativo e saudável.

Um dos maiores impactos da falta de movimento é o aumento das dores crônicas. Pesquisas indicam que milhões de pessoas sofrem com dores lombares, cervicais e articulares, muitas vezes como resultado direto do sedentarismo. O que muitos não percebem é que a solução pode estar no simples ato de se movimentar. A prática regular de atividade física moderada, como alongamentos, fortalecimento muscular e mobilidade articular, pode prevenir e até mesmo reverter muitos casos de dores crônicas.

Seja caminhando, correndo, alongando ou praticando exercícios de força, o movimento é essencial para manter o corpo saudável. Mais do que uma recomendação estética, a prática regular de atividade física deve ser encarada como uma necessidade vital para a manutenção da saúde física, mental e emocional.

O movimento não só previne doenças, mas também promove uma vida mais plena. Quanto mais cedo incorporarmos o hábito de nos movimentar, melhor será nossa qualidade de vida em todas as fases. Se o corpo foi feito para se mover, deixá-lo parado é, sem dúvida, um caminho para a dor.

Portanto, movam-se! Mesmo que sejam apenas alguns minutos por dia, o corpo agradece, a mente também, e a vida se torna mais leve e colorida, com vitalidade e alegria de viver. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)

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