OPINIÃO

Fios de lã


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Outubro é um mês em que se celebra a memória de Santos que marcaram os caminhos da humanidade por sua intimidade com Deus e amor-atitude com o próximo. Dentre eles, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santos Anjos das Guarda, São Francisco, Santa Teresa D’Ávila, São Benedito e com destaque para nossa Mãe Aparecida, de devoção de tantos que cruzam o seu santuário. Como escreveu nosso querido bispo diocesano, dom Arnaldo Carvalheiro Neto: “Em Aparecida, Maria é a primeira a nos ensinar a percorrer as periferias existenciais da humanidade (...) Nela, a fé dos pequenos ensina a resistir às situações de morte e de injustiça que ainda prevalecem como chagas abertas e perturbadoras de um país tão desigual como o nosso. (...) E como afirmou o padre Márcio Felipe, reitor do Santuário Santa Rita de Cássia sobre Nossa Senhora, é ela “: “portadora e doadora da Esperança que é comunicada a nós através de Jesus; Maria que nos fortalece para nos aventurarmos, como ela fez, no sim a Deus”.
 
Outubro é um mês de festa para dom Gil Antonio Moreira – e para todos nós que temos o privilégio de conhecê-lo -, nosso querido quarto Bispo Diocesano e atual arcebispo de Juiz de Fora. Nasceu em Itapecerica/MG em 9/10/1950. Foi ordenado bispo em 16/10/1999. É o bispo referencial, junto à CNBB, para todo os movimentos do Terço dos Homens, por isso início esta crônica com referências a Nossa Senhora Aparecida.
 
Deus me concedeu a graça de ter dom Gil como Pastor por cinco anos. Pouco tempo, mas com palavras e atitudes tão intensas que marcaram para sempre minha vida.
 
Comenta-se que os pastores do tempo de Jesus usavam, para se protegerem da chuva e do frio, um manto de pele de ovelha. E um tecido de lã envolvia suas cabeças. Dentre outros objetos, tinham o cajado para se apoiar ao andar e ao subir ladeiras e uma flauta que o pastor tocava para se divertir e acalmar o rebanho.
 
Foi esse o perfil de dom Gil nos cinco anos que esteve conosco, tanto para a Pastoral/ Magdala, como na minha vida pessoal. Assim que chegou se fez família na nossa família Além dele, estiveram em nosso convívio sua inesquecível mãezinha Da. Tereza, que transbordava amor a Deus e à Igreja, irmãos seus, minha querida amiga Miralice. Vivemos Natais e o primeiro dia do ano em convivência abençoada, com nossa mãe, meu irmão, cunhada, sobrinhos...

Foi esse o seu perfil na Pastoral da Mulher/ Magdala. As mulheres todas,  tantas vezes de paternidade desconhecida, vivenciaram filiação. As mulheres, de carnes exploradas desde a infância, se sentiram dignas de se despir da fuligem que lhes impuseram. As mulheres experimentaram proteção da maledicência e dos olhares tenebrosos por um homem da santidade de Deus, pela Misericórdia de quem escolheu como lema de seu episcopado: “SCIS AMO TE” (Sabes que Te amo), do Evangelho de São João 21, 15. A partir do lema, ser amor para todas as pessoas, das margens e do centro. E, ainda, nos deu, como farol do porto da Pastoral e de minha família, o querido Padre Márcio Felipe.
 
Gratidão imensa, dom Gil! Temos em nós fios abençoados de seu manto de lã – nossa mãe levou alguns deles, com os quais o senhor nos aqueceu nas dores.
 
Ecoa em nosso coração a música de sua alma louvando a Maria.
 
Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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