Um dos jogos mais polêmicos da história do Paulista aconteceu há 94 anos e foi um clássico municipal válido pelo Campeonato do Interior de 1930, da 6ª Região da Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea), e que equivaleu ao Campeonato Jundiaiense deste ano.
O campeonato era composto por clubes do município e, na edição daquele ano, as equipes que jogaram foram: Ipiranga (da Vila Arens), Corinthians Jundiaiense (também da Vila Arens), São João (da Ponte São João), Palestra Itália (da Colônia) e o Paulista (do Centro). E foi em um clássico entre Galo e Corinthians que a competição ficou marcada por uma das maiores polêmicas do futebol jundiaiense.
CONFUSÃO
No dia 21 de setembro de 1930, a partida entre Corinthians Jundiaiense e Paulista, no estádio da avenida Luiz Rosa, não foi considerada válida na pontuação, visto que o jogo não terminou. Quando o placar apontava um empate por 2 a 2, os jogadores do Paulista se revoltaram com a marcação de uma falta a favor do Corinthians e o duelo foi paralisado por tentativa de agressão do goleiro do Galo contra o árbitro. Os diretores dos dois times entraram em campo e também houve confusão na torcida.
O time do Paulista se recusou a ficar em campo e o árbitro, Natal Guerra, precisou ser substituído para continuação da partida. No segundo tempo, foi a vez dos jogadores corinthianos se rebelarem contra a marcação de um pênalti a favor do Paulista. Os atletas do Alvinegro também se retiraram de campo e houve mais confusão entre as torcidas, até que o representante da associação decidiu encerrar a partida.
Após julgamento de todo o ocorrido, baseado no relatório do árbitro, a Apea decidiu pela continuação dos 32 minutos restantes em outra data, porém, em caráter amistoso. O jogo foi remarcado para novembro e o resultado daquele jogo, também de empate, foi considerado o oficial, mas a pontuação não foi válida para o torneio.
Apesar de confusões como essas serem bem comuns na época, esse jogo é considerado um dos mais polêmicos do Paulista, levando muito em conta o peso da rivalidade entre os dois clubes e a importância da competição para a cidade.
Além das confusões neste jogo, o campeonato de 1930 também ficou marcado por outras "tretas". No dia 30 de novembro, na partida entre Paulista e Ipiranga, o jogador Napa entrou violentamente numa disputa, agredindo o goleiro do Galo, Zé Dica. Dirigentes dos clubes e da Associação mais uma vez entraram em campo, desta vez apaziguando a situação, dando continuidade à partida.
Em 11 de janeiro de 1931, foi registrada uma situação mais cômica: no jogo entre Ipiranga e Corinthians Jundiaiense, a Apea multou os dois clubes por não terem apresentado uma bola, que precisou ser emprestada pelo Paulista para realização do jogo.
CAMPEÃO
Apesar das confusões dentro e fora de campo, o campeonato carregava muita importância e era repleto de rivalidade. O grande campeão do Interior da região de Jundiaí foi o Paulista, que conquistou o título de forma invicta e com antecedência após vencer o Corinthians Jundiaiense no dia 28 de dezembro por 6 a 3, restando ainda quatro partidas em disputa no campeonato, porém, não podendo mais ser alcançado pelos outros concorrentes. A escalação do Paulista naquela partida foi: Zé Dica; Villela e Fregola; Bento, Malavasi e França; Batata, Russinho, Nico, Camargo e Luna. O treinador foi Attílio Bragantini, o popular Tatu, bicampeão do Interior de 1919 e 1921 como jogador do Tricolor.
Com o título do campeonato da 6ª região, o Paulista ganhou o direito de representar a cidade nas fases posteriores do Campeonato do Interior, contra adversários de outras cidades e que só viria a ser disputada a partir de junho de 1931. Nas quartas de final, o Paulista eliminou a Ponte Preta de Campinas, na semifinal passou pelo Elvira de Jacareí, mas acabou derrotado pelo Amparo na grande final, tornando-se vice-campeão do Interior de 1930.
As informações são do escritor, pesquisador e Diretor de Patrimônio do Paulista, Ivan Gottardo.