O que sobrou desta eleição de hoje foi a baboseira vigente nas redes sociais. O jundiaiense, coitado, mesmo que não quisesse, era obrigado a assistir a uma enxurrada de acusações, calúnias e difamações entre um candidato e outro, notadamente pelas redes sociais, que são uma terra de ninguém, sem regulação no Brasil.
Pouco se viu ou se notou dos planos de governo dos candidatos – ferramenta poderosa para que cobremos, no futuro próximo, a implementação de ideias e projetos. Aliás, o plano de governo deveria vir acompanhado de mensuração de gastos e inserção no orçamento municipal de custeio e obras, já que prometer é fácil. Tirar do papel é que são elas.
Jundiaí precisa garantir a sua história e seguir inovando. Nossos números são fantásticos, mas ainda temos 40 mil pessoas vivendo com menos de um salário mínimo por mês. Dezessete mil delas vivem com menos de R$ 216 por mês, à beira da insegurança alimentar. Muitos alunos com deficiência estão sem apoio, e há um número crescente de crianças autistas que necessitam de um local adequado para aprendizagem e atendimento. Os novos problemas exigem soluções imediatas.
Para votar hoje, temos que votar com consciência e não por impulso incrementado pelas redes sociais. Para onde queremos ir? O que precisamos implementar? Quais são as qualidades de nossa cidade que não podem ser perdidas? Queremos o “progresso” a qualquer custo? Quem está garantindo nosso futuro ambiental, com maior cuidado com a preservação da água, economia circular, adequada solução para o lixo e qualidade do ar?
Não sou uma mulher partidária, mas sou jundiaiense. Escolhi continuar morando em minha cidade e convivo diariamente com as pessoas nos bairros, no Centro e com aquelas que fazem a escolha estratégica para nosso futuro. Eu não quero progresso a qualquer custo, loteamentos irregulares, má preservação da Serra do Japi, teatros abandonados. Eu quero escolas em tempo integral, notadamente ao lado da vulnerabilidade social, mais creches, educação no contraturno, cultura nos bairros, desenvolvimento social e econômico sustentáveis.
Vocês devem querer os mesmos objetivos, acrescentando algo bem particular. E é esse querer a que devemos nos ater na hora do nosso sagrado voto. A democracia exige esforço. Os paladinos das fake news, das promessas vãs sempre existiram. As cadeiradas, o desrespeito com nosso tempo e com nosso voto pioraram com a expansão dos fatos pelas redes, que aparecem nos nossos celulares. Mas é esta baixaria que queremos assistir e deixar de legado para nossos filhos?
Respeito, confiança e dignidade deveriam ser os mestres de nossos políticos. Lembrem-se, o voto é nosso dever e poder. O político nada mais é do que um servidor do cidadão. Ele não está acima do bem e do mal e não é uma pequena divindade que tudo pode e que magicamente resolverá nossos problemas estruturais e históricos.
Vote, mas vote com consciência e amor pela nossa cidade. Meus sinceros desejos para nós, jundiaienses.
Ariadne Gattolini é jornalista e escritora. Pós-graduada em ESG e Sustentabilidade Corporativa pela FGV e editora-chefe do Grupo JJ
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