Infelizmente sim, pois muitas regiões do estado de São Paulo estão sendo afetadas pela fumaça das queimadas que ocorrem em diferentes partes do Brasil, em particular, na Amazônia, Pantanal, no Cerrado e também no interior do nosso estado, que acabaram liberando grandes quantidades de poluentes atmosféricos, transportados pelo vento para regiões muito distantes Brasil a fora.
Monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, e além de outros materiais resultantes das queimadas, são partículas que podem viajar centenas de quilômetros e acabam se concentrando em áreas metropolitanas e urbanas ao nosso redor, como a Grande São Paulo. O problema é que essas partículas finas são prejudiciais à saúde, especialmente para crianças, idosos, gestantes e pessoas com condições respiratórias pré-existentes, como asma e bronquite, além de causar irritação nos olhos, nariz e garganta, tosse, dificuldade para respirar e piora de condições respiratórias crônicas, podendo além disso, agravar doenças cardíacas e pulmonares.
Durante estes períodos de seca e exposição à fumaça de queimadas, é crucial adotarmos estratégias específicas de hidratação para manter o nosso corpo bem hidratado e minimizar os efeitos negativos desses fatores ambientais, sendo necessário beber mais água do que o habitual, mesmo se não sentir sede, pois a fumaça e o ar seco podem acelerar a desidratação. Uma boa referência é consumir pelo menos 2 a 3 litros de água por dia, mas a quantidade pode variar conforme o peso corporal, nível de atividade e temperatura ambiente. Pense bem, você anda bebendo água no seu dia-a-dia?
Quando devidamente hidratados, ajudamos os nossos corpos a funcionarem bem, afinal são compostos por aproximadamente 70% de água e essa água interna, nossos fluidos, facilitam funções como digestão, absorção e transporte dos nutrientes, formação de saliva, manutenção da temperatura, deslizamento dos tecidos, reações químicas, dentre muitas outras funções.
A falta da água pode, por exemplo, levar o nosso organismo a infecções, como da garganta, pois ao ingerirmos menos água, a mucosa da cavidade oral tende a ressecar, o que a irrita, provocando a tosse, inflamações e por aí vai. Imagine isso tudo acentuado por essa situação extrema que estamos passando?
A causa mais comum da desidratação é não beber água ao longo do dia. Muitas pessoas esquecem de beber água, tem preguiça ou simplesmente não têm o hábito. E este hábito deveria ser passado desde cedo às crianças e reforçado nos idosos.
A falta de água no nosso organismo pode desencadear uma avalanche de problemas, como:
-Sensação de boca seca: pois a água umidifica as mucosas
-Ressecamento da pele
-Muita sede: é seu cérebro num instinto de sobrevivência
-Olhos secos: canais lacrimais ressecam e inflamam
-Dores articulares: são os líquidos que permitem movimentos articulares
-Diminuição da massa muscular: os músculos são compostos também de água
-Imunidade: a água ajuda a eliminar as toxinas, o sangue é formado de água
-Fadiga crônica: ao emprestar água do sangue, o corpo sentirá falta de oxigênio
-Problemas renais: insuficiência renal aguda ou crônica, ou mesmo em casos mais leves, infecção urinária
-Redução do volume de sangue: o que pode prejudicar o coração
-Constipação: sem água suficiente no organismo as fezes ficarão ressecadas e terão dificuldades em passar pelo intestino.
-Fome: outra vez seu cérebro tentando nos salvar, uma vez que há água nos alimentos
-Envelhecimento precoce: o organismo perde água com o passar do tempo, sendo que a desidratação é um grande problema entre a “maioridade”.
-Dores de cabeça, fraqueza e tontura podem ser sinais de desidratação.
Quando devidamente hidratados, podemos ter uma melhor função cognitiva, estaremos mais cientes dos comportamentos, tomando decisões mais assertivas e seguras. Beber mais água fará com que possamos ir mais vezes ao banheiro, e com isso levaremos mais vezes as mãos, protegendo-nos de vírus e bactérias.
É difícil lembrar de beber água? Baixe algum aplicativo ou coloque um alarme no celular para não esquecer de beber água, pois além de prestar atenção no corpo, estará mais atento aos sinais de sede ou desidratação.
Nosso corpo utiliza em média de 1,5 a 2 litros de água para realizar suas funções vitais, dependendo do seu peso corporal ou atividades que realiza. Se você estiver tomando menos que essa quantidade, provavelmente pode estar desidratado. E como disse antes, em tempos de seca, aumente essa quantidade para 2 a 3 litros diários.
Além disso, tenha estas medidas de proteção:
- Evite atividades físicas intensas ao ar livre, especialmente durante os picos de poluição.
- Mantenha as janelas fechadas e use filtros de ar, umidificadores ou bacias com toalhas molhadas dentro do quarto a noite e pela casa.
- Quando em contato com áreas de queimadas, use máscaras adequadas, como N95 ou PFF2, que ajudam a filtrar as partículas finas suspensas no ar. Se você mora em áreas muito secas, tenha estas máscaras em sua bolsa.
Adotar essas medidas podem ajudar a minimizar os impactos da desidratação e proteger a nossa saúde em períodos de seca e exposição à fumaça de queimadas. Muita saúde a todos.
Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)