OPINIÃO

Viver a vida, o tédio e o preço da liberdade


| Tempo de leitura: 3 min

Em artigos anteriores eu já havia comentado que a citaria sempre nessa coluna. E o faço novamente agora porque é muito necessário. Sim, estou falando, mais uma vez, da maior e melhor neurocientista da América Latina na atualidade, Drª Carla Tieppo. Emprestei a inspiração dessa minha tão amada mestre, professora e amiga para trazer as palavrinhas do mês de setembro por aqui.

Por que me faltou criatividade? Não, já que rascunhei pelo menos dois outros artigos pra trazer. Parei no meio do caminho mas guardei-os, pois em algum momento, por serem atemporais, certamente haverá um ou vários insights para completá-los com a dedicação que quem aprecia essa coluna merece receber.

Eu te pergunto leitor : será que uma guerra silenciosa está realmente em curso? Será que tenho essa sensação porque assisto humanos, vários deles muito próximos a mim, sendo coniventes com as justificativas, por todos os lados, para a continuidade da falta de compromisso e comprometimento, principalmente para com a finitude dos recursos naturais do planeta?

Não é de hoje que estamos experenciando na pele o que é pertencer à sociedade do cansaço e também do consumo. Para compensar as mazelas da primeira, afundamo-nos na segunda.
Ao nos afundarmos  na insaciedade da necessidade de consumo, negligenciamos um dos nossos bens pessoais mais preciosos, que é a saúde. Física e mental. Adoecemos fisicamente porque nossa mente adoeceu provavelmente bem antes. Adoecemos mentalmente e fazemos nosso corpo padecer.

E, se até aqui você ainda não entendeu o que estou querendo dizer ou achou que não faz sentido algum ou que não é com você essa introdução, eu trouxe as palavras da Drª Carla para dissipar complemente a sua dúvida.

O texto a seguir, publicado e viralizado em uma de suas redes sociais, retrata ipsis litteris a minha tônica momentânea do expressar quanto tem se tornado inadmissível mantermo-nos omissos e negligentes na qualidade das nossas relações, tanto com os outros quanto com as coisas que nos cercam em termos de pensar como estamos dando importância de menos aos finitos recursos da natureza ao mesmo tempo em que adoecemos coletivamente.

Caso queira ignorar completamente essa leitura, peço ao menos que considere a reflexão proposta a seguir pela Drª Carla.

Com vocês a maior e melhor neurocientista da América Latina na atualidade :  
Depois do açúcar refinado, da farinha branca, do sal marinho, das drogas sintéticas, do melhoramento genético da Cannabis, dos videogames e das redes sociais, seu sistema dopaminérgico aprende a desconsiderar o prazer de uma boa fruta, de um dia de trabalho ou de uma caminhada.

Quando sua referência de experiência de alto valor agregado é um dia na Disney ou um jantar ultracalórico em algum Outback da vida, os dias comuns se tornam difíceis de viver.

E o mercado de consumo está agora mesmo preparando o lançamento de seu novo agente altamente estimulante que você fará questão de consumir. Lícito ou ilícito. Isso é o de menos.
O pior efeito das coisas viciantes é como elas depreciam o valor de uma vida simples.

Aí, quando o dia a dia se torna sufocante, há sempre uma nova droga para dar conta disso.
Nada contra suas experiências de alto valor dopaminérgico mas considero fundamental que você saiba de onde vem esse tédio insuportável que você sente longe delas.

Márcia Pires é Sexóloga e Gestora de RH  (piresmarcia@msn.com)

Comentários

Comentários