Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023, recém-divulgados, mostram que ainda é longo o caminho para o Brasil atingir um nível educacional de qualidade, sem o qual o país não conseguirá reduzir a desigualdade, melhorar a produtividade e alavancar o crescimento.
A boa notícia é que nos anos iniciais do ciclo básico, do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, o país chegou às metas estabelecidas. Porém, isso não ocorreu na segunda etapa, do 6º ao 9º ano, nem no Ensino Médio – que continua sendo o maior gargalo da educação brasileira.
Criado em 2007, o Ideb é uma composição de dados referentes à aprovação dos estudantes e médias de desempenho em avaliações. O índice, divulgado a cada dois anos, é calculado a partir do Censo Escolar (aprovação) e das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). As notas vão de zero a dez.
É importante destacar que o desempenho dos alunos no Saeb, que avalia Língua Portuguesa e Matemática, ainda não retomou o nível pré-pandemia. O resultado do Ideb de 2021 é considerado distorcido porque durante a crise da covid-19 houve poucas reprovações, mascarando a real situação da educação no período.
O Ideb 2023 revela os municípios e estados que se sobressaíram. Vale investigar as estratégias utilizadas, sempre lembrando que na educação os resultados vêm com o tempo e nem sempre dinheiro é sinônimo de sucesso. Tanto que todas as 21 escolas públicas notas 10 nos anos iniciais estão no Nordeste: quinze no Ceará, cinco em Alagoas e uma em Pernambuco. No geral, o Paraná é o estado com melhor desempenho nos anos iniciais, com nota 6,7.
Entre o 6º e o 9º ano, apenas três estados atingiram a meta (nota 5,5) no Ideb: Ceará, Paraná e Goiás. Nenhuma escola da rede pública atingiu a nota máxima nesta etapa, mas doze unidades obtiveram nota superior a 9, todas no Ceará (oito escolas) e Alagoas (quatro escolas).
Esses estados bem-sucedidos destacam a valorização do professor, com formação continuada e acesso a materiais pedagógicos estruturados e de boa qualidade, como fundamental para o bom desempenho dos alunos, além de uma gestão escolar atenta.
No Ensino Médio, os desafios são ainda maiores porque a performance ficou bastante aquém do objetivo: a nota foi 4,3 enquanto a meta era 5,2. Nesta etapa, há grande evasão escolar. Com o programa Pé de Meia, pelo qual os jovens receberão um incentivo financeiro para permanecerem na escola, o governo espera estancar o abandono.
Os estados que conseguiram avançar nesta etapa dão pistas do que funciona. O Paraná, por exemplo, que alcançou nota 4,9, das maiores do país, triplicou o número de escolas em tempo integral. O Ideb dessas aumentou 0,5, enquanto as que têm apenas um turno melhoraram a nota em 0,1.
Estados com menor PIB per capita, como Ceará, Piauí e Pernambuco, que também adotaram mais escolas em tempo integral na rede pública, têm tido performance semelhante à de estados mais ricos como Goiás, Espírito Santo e Paraná. No Piauí, 70% da rede pública já é em tempo integral.
O Ensino Médio integrado à educação profissional e tecnológica também pode ser um caminho promissor. As escolas do Ceará, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco e São Paulo registraram desempenho melhor nas escolas com este perfil do que as que oferecem apenas o Ensino Médio regular.
Os bons exemplos estão aí e devem ser replicados.
Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)
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