A agenda de descarbonização da economia é uma agenda que veio para ficar. Afinal, para atingir a meta estabelecida pelo Acordo de Paris, em 2015, de limitar o aquecimento global a 1,5 grau celsius em relação ao período pré-industrial, os países têm uma longa lição de casa a fazer.
Em que pese sua abundância em recursos naturais e maior facilidade para realizar a transição energética, o Brasil também precisa superar desafios para limitar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Sede da COP30 no ano que vem, o país já se comprometeu a conter as emissões em 48% até 2025 e em 53% até 2030, de acordo com a NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), assinada no Acordo de Paris. Além disso, deve atingir a neutralidade em carbono em 2050, compromisso também assumido pelo estado de São Paulo.
Neste contexto, a pressão do mercado, interno e externo, sobre países e empresas pela redução das emissões será cada vez maior. Da mesma forma, a pressão regulatória também tende a crescer. Podemos citar, por exemplo, o Mecanismo de Ajuste de Carbono da Fronteira (CBAM, na sigla em inglês), que é uma tarifa sobre produtos intensivos em carbono importados pela União Europeia que começa a ser cobrada em 2026 com dados coletados desde 2023.
E como as indústrias brasileiras se adaptam a esta nova realidade e se mantêm competitivas? Para auxiliar as empresas industriais paulistas neste processo, Fiesp, Senai-SP e Sebrae-SP lançaram, na semana passada, a Jornada de Descarbonização.
A Jornada é um programa gratuito para micro, pequenas e médias indústrias. Quem entra na jornada passa por seis etapas de consultoria focadas na redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). São elas:
1. Diagnóstico: identifica o grau de maturidade da empresa na gestão de emissões de Gases de Efeito Estufa.
2. Gestão de Dados: implementa a gestão de dados e a cultura de registro das informações que sustentam o inventário de Gases de Efeito Estufa.
3. Inventário de GEE: elabora o Inventário de Gases de Efeito Estufa da indústria.
4. Otimização de Processos: oferece consultorias em Eficiência Energética e Manufatura Enxuta para identificar e melhorar os processos industriais, visando a redução de emissões.
5. Plano de Redução: define metas e ações de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa.
6. Implementação: executa as ações previstas no plano e conecta fontes de fomento.
Outra boa notícia é que os empresários terão acesso a linhas de crédito especiais. Senai-SP e Desenvolve-SP assinaram um termo de cooperação, com o objetivo de desenvolver linhas de crédito para promover a inovação, descarbonização e a competitividade das indústrias paulistas. As linhas de crédito terão taxas competitivas, com prazos de 10 anos e carências de 36 meses.
Como foi pontuado no evento, as mudanças climáticas são uma preocupação real dos consumidores de hoje em todo o mundo, que exigem cada vez mais produtos verdes e descarbonizados. Por isso, este chamado das entidades industriais para que as empresas do setor abracem o tema, antecipando-se às demandas regulatórias e do mercado. Está em jogo um diferencial competitivo que pode alavancar a atividade industrial, o desenvolvimento econômico e a geração de empregos no país.
Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP (vfjunior@terra.com.br)