OPINIÃO

Lula recoloca Brasil no jogo do crescimento


| Tempo de leitura: 4 min

O mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem um ano e sete meses. É muito pouco tempo em se tratando de governo. Justamente por isso são surpreendentes os resultados da economia do país neste período. O mais recente dado positivo é com relação ao aumento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2024 de 0,8% na comparação com o último trimestre de 2023. No acumulado de 12 meses, é um crescimento de 2,5%, o que representa R$ 2,7 bilhões em valores correntes. 

Depois de receber uma herança negativa do governo Bolsonaro, quando em 2022 o Brasil caiu para o 13º posto entre as economias mundiais, o país sob a gestão do ministro da economia, Fernando Haddad, já voltou a estar entre as dez maiores economias do mundo, ocupando o oitavo lugar.

O presidente Lula, assim como fez nos seus dois primeiros governos, retoma o perfil desenvolvimentista com as diretrizes econômicas orientadas por um estado forte, de caráter indutor e com o olhar voltado para a diminuição das desigualdades sociais. 

Embora o modelo seja tão criticado pelos arautos do mercado financeiro, a fórmula da política econômica do presidente Lula mostra-se acertada, uma vez que sem o impulso do Estado a economia não apenas fica estagnada, como anda para trás. 

Basta lembrar os tempos do então ministro Paulo Guedes, incensado pelo mercado e pela mídia conservadora, que com sua política neoliberal destroçou praticamente todos os setores da economia. Em particular, o da indústria nacional. E, não à toa, o Brasil voltou ao mapa da fome e tornou-se cena comum ver brasileiros na chamada “fila do osso”.

O novo cenário demonstra a diferença que há entre um presidente da República preocupado com o conjunto do país e outro que, incompetente e sem qualquer noção de gestão pública, entrega a economia para quem só se preocupava com a cotação da bolsa de valores.  Muito provavelmente com interesses inconfessáveis, pois é ele próprio um dos grandes agentes financistas do país.

Aliás, é nessa esfera pública onde atuam o mercado financista e o governo federal, onde acontece a disputa mais central e decisiva do país. De um lado, está o Banco Central, apoiado pelos especuladores do sistema financeiro, que insistem em manter alta a taxa de juros. Isso apesar de todos os índices econômicos apontarem para um cenário que permite uma acentuada redução da Selic – a taxa básica de juros da economia. Do outro, os apelos governistas e dos setores produtivos da sociedade pela redução da taxa.

Mas, convenhamos, se com todos os freios impostos pela política restritiva ao crescimento promovida pelo Banco Central, em sua inexplicável sanha na manutenção dos juros altos (diga-se de passagem, uma das maiores taxas do mundo) o Brasil cresceu significativamente, o quanto não avançaríamos com uma taxa Selic menor?

Portanto, é bastante justificável as recentes críticas do presidente Lula ao “mercado”, que deixam tantos jornalistas e analistas econômicos da mídia conservadora tão melindrados. Mas, veja só, o “mercado” previu que o Brasil cresceria 0,8%, mas o crescimento foi de 3%. Também vislumbrou o descontrole da inflação, que está sob controle. Aparentemente, o “mercado”, que vive de projeções e expectativas, não parece ser muito bom em previsões. 

Por ora, e a pouco mais da metade do primeiro tempo do jogo, o placar é bastante favorável ao governo Lula. E, por extensão, à população brasileira. Foram 24 milhões de cidadãos e cidadãs tiradas da fome, cerca de 2,5 milhões de novos empregos criados, o salário mínimo reajustado duas vezes acima da inflação, o contribuinte que ganha até dois mil reais por mês teve isenção do imposto de renda (a meta é chegar até quem ganha cinco mil) e a massa salarial subiu 11,7% nestes dois anos e sete meses. 

Na campanha eleitoral de 2022, o então candidato do Partido dos Trabalhadores afirmou que tinha feito dois governos exitosos e sabia como recolocar o país nos eixos novamente. Acrescentou que, graças a experiência obtida com os mandatos anteriores e o passar do tempo, estava mais “sabido” ainda. 

É verdade que há todo um segundo tempo de jogo pela frente. Mas, em se mantendo o esquema tático do jogo feito até agora, não é especulação apostar num placar ainda mais favorável. Com a defesa sólida dos fundamentos econômicos, capacidade de articulação e gestão no meio de campo e um ataque ousado e corajoso para promover e atrair cada vez mais investimentos, será muito difícil que o Brasil deixe de seguir marcando gols num campeonato onde o principal vitorioso é o povo brasileiro.

Maurici é deputado estadual (PT-SP)

Comentários

Comentários