OPINIÃO

Ao amigo que se foi


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Trabalhei em duas ocasiões com Pedro Fávaro Júnior. A primeira, em Campinas, entre 1985 e 1986, no Diário do Povo, em Campinas. E a minha sorte é que ele sentava próximo a mim e conversávamos muito, principalmente sobre Jundiaí, onde ele morava e eu me atualizava, pois morava em Campinas na época. Nos finais do expediente, jornal fechado, sentávamos ao redor de uma mesa e jogávamos truco, “só pra passar o tempo”, dizia ele. Depois ele voltou a trabalhar por aqui e nos separamos. Lamentei isso, porque eu lhe dava alguns toques sobre Campinas e ele me ajudava na missão de editar Política e Economia.

A segunda fez foi mais de 11 anos depois, no Jornal de Jundiaí. Eu já tinha voltado a morar aqui e um dia recebo uma ligação sua para trabalhar no JJ. Ele, editor-chefe, eu novamente editando Política e Economia. Mas na mesma ocasião, Pedrinho (era assim que todos os chamavam) recebe convite e volta a trabalhar em Campinas e nos separamos novamente. A passagem dele pelo JJ foi rápida, mas serviu para, mais uma vez, colocarmos nossas conversas em dia. Depois disso, voltei a encontrá-lo nas redes sociais. E ele, sempre, com palavras, frases, poemas, crônicas, que serviam para, quem lia, crescer como ser humano.

Era assim que Pedrinho era: um grande ser humano. Desses que, se preciso fosse, tirava a blusa para aquecer alguém com frio. E suas palavras e suas ações aqueciam e alma de todos. O tempo não perdoa: passa sem pedir licença e, não faz muito tempo, soube de seus problemas de saúde. Mas suas mensagens continuavam a incentivar a vida, a acreditar em dias melhores.

Não imaginei e nem quis pensar quando ele se fosse, apenas rezava por sua saúde. Ao abrir o computador neste sábado, dia 29, dia de São Pedro, vejo a mensagem de sua filha, Tatiana Fávaro, com quem, também, trabalhei duas vezes: uma na Rádio Cidade e a outra no mesmo JJ. Mexeu comigo a lembrança dos papos, das risadas, das brincadeiras, nos momentos sérios que convivi com o grande Pedrinho! E sua filha dizia que ele partiu do jeito que sempre desejou: em casa e cercado de amor!

E ela isso que ele mais estimava: cercado de amor! Ano passado, ele completou jubileu de prata de ordenação diaconal e presenciei alguns casamentos onde ele abençoou os novos, todos colegas de profissão. E era assim sua vida nos últimos anos: trabalho na profissão que amava, o jornalismo, escrevendo livros, poemas e crônicas e presidindo ou participando de celebrações.

Marcou também a frase onde Tatiana fala de um dos últimos papos que Pedrinho teve com os filhos: "quando meu Chefe me chamar, eu quero que vocês primeiro rezem, pois dediquei mais da metade da minha vida à minha crença. Depois comam, bebam e cantem. É isso: rezar, comer, beber e cantar - isso que eu quero que vocês façam. Celebrem a vida!"

Vou seguir seus ensinamentos meu amigo: vou rezar, comer, beber e cantar e celebrar a vida. Vai haver nisso tudo um vazio: a sua ausência! Um vazio com cheiro de saudade, de agradecer a Deus por ter conhecido uma figura especial como você foi meu amigo. Um vazio, mas... até um dia!

Nelson Manzatto é jornalista (nelson.manzatto@hotmail.com)

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