OPINIÃO

Experiência da paz


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Conversava, informalmente, na semana passada, com nosso querido Bispo Emérito, Dom Vicente Costa, sobre um fato recente e ele me disse: "Foi a paz que você recebeu". Veio-me de imediato, do Evangelho de São João (20, 19-20), com os discípulos de portas fechadas no lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles e lhes disse: "A paz esteja convosco". Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor. Alegria que vem da paz anunciada pelo Céu através de sinais que o Senhor escolhe.

Já falara sobre o assunto com as amadas Monjas do Carmelo São José, que tanto intercedem por mim, e ficaram surpresas e felizes, e, no dia 22, dia de Santa Rita de Cássia, com o querido Padre Márcio Felipe de Souza Alves, Reitor de seu Santuário. Justificou-me ele sobre experiências místicas que assinalam amor divino. Esse vivenciar a Eternidade por instantes, enquanto a sensibilidade emudece. Algo além.

Na mesma data, em sua homilia no encerramento da festa de Santa Rita de Cássia, o Padre Márcio Felipe colocou pistas para o caminho da santidade, que deve ser anseio de todos nós, vividos por Santa Rita, de olhos sempre fixos na Cruz do Senhor, iniciando com uma frase a ela atribuída: "Não lamente, carregue a cruz com dignidade. O amor tudo pode"! E prosseguiu: "Olhar para os sofrimentos da vida, não deve ser para nós motivo de desespero, ou até mesmo, ocasião para que nós nos sintamos derrotados, e, assim, tornemos a nossa existência uma eterna lamentação". Devemos sim perceber que não estamos sozinhos e salientou o tema da Solenidade neste ano: "É Rita que nos leva até o colo de Jesus".

Voltando a Dom Vicente, em sua homilia no Carmelo, em 25 de maio, a respeito da Primeira Leitura de São Tiago (5, 13-20), convidou-nos à oração pelos outros e à oração individual e afirmou que ninguém possua a ilusão de que não experimentará em sua vida o sofrimento. Penso, no entanto, que há sentido no sofrimento após e experiência de Pentecostes, em seguida ao cenáculo, acolhendo e anunciando a alegria da paz de Jesus.

Prosseguindo com a homilia do Padre Márcio Felipe. Refletiu que, conforme o profetizado por Jeremias, o Cristo Crucificado seduziu Santa Rita e "no sofrimento da história que Deus lhe permitiu viver, não se lamentou, mas com dignidade tudo suportou, reconhecendo que na sua comunhão com Deus tudo era possível". Destacou a antífona do Salmo 123, cantada na Celebração: "Nossa alma como um pássaro escapou do laço que lhe armara o caçador".

O convite para não lamentarmos em ocasião alguma, feito pelo Padre Márcio Felipe, me tocou bastante, pois "o Senhor é mais forte do que tudo; mais forte do que a nossa lamentação(...) e tenhamos a plena certeza de que Ele nos surpreende a cada dia para que possamos superar os nossos medos" - disse ele. E se dá a paz que Dom Vicente me anunciou; a paz que visualizei no cenáculo de minha alma, ora fechado, ora aberto ao Céu. Como Deus é bom, tão bom, além da compreensão humana.

Hoje, Solenidade de Corpus Christi, repito a primeira estrofe do Salmo 115(116): "Que poderei retribuir ao Senhor Deus/ por tudo aquilo que ele fez em meu favor? / Elevo o cálice da minha salvação, / invocando o nome santo do Senhor".

Maria Cristina Castilho de Andrade é professora e cronista (criscast@terra.com.br)

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