
As brigadas de incêndio são ferramentas importantes em lugares com muitas pessoas, como empresas, comércios e também condomínios, que vêm tendo aumento de procura. Essas brigadas, em situações de emergência, são providenciais, porque já estão no local do fato, ao contrário do Corpo de Bombeiros, por exemplo, que precisa ser acionado e se deslocar. Por causa disso, há também uma legislação específica que exige brigadas em alguns lugares.
Diretor técnico da Tecnoseg, que faz treinamento de brigada de incêndio e segurança do trabalho, Jonathan Ribeiro diz que diversos lugares precisam ter brigadistas. "A legislação obriga, para regularizar a parte de documentação com Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Pega desde o comércio de pequeno, médio e grande portes, até as indústrias, as grandes empresas. Então o nosso público é mais esse. Agora, os condomínios aumentaram consideravelmente a procura por esse treinamento", conta.
Apesar do aumento de procura por condomínios e da grande quantidade de condomínios em Jundiaí, esses empreendimentos têm obrigatoriedade de ter brigadas, ao contrário de empresas. "A legislação do Estado de São Paulo, com a IT 17, feita pelo Corpo de Bombeiros, determina que, de acordo com a classe de incêndio dos estabelecimentos comerciais e industriais, você tem que compor a brigada de incêndio e treinar as pessoas com a quantidade ideal conforme a tabela que existe na IT, assim como a carga horária também de treinamento, ou seja, a classe, o nível de treinamento de brigada que tem do básico, intermediário e o avançado. Então são essas três classes de treinamento e a grande maioria são empresas. Os condomínios buscam bastante para se regularizarem, porque também são fiscalizados pelo Corpo de Bombeiros", diz ele sobre a Instrução Técnica que exige brigadas.
Jonathan também complementa que a brigada de incêndio é treinada para atuar em situações de emergência, seja com fogo ou primeiros socorros a vítimas, o que faz toda a diferença, porque cada minuto é crucial, mas o local também precisa ter equipamentos. "Extintores, seja o extintor triclasse, que pode combater todas as classes de incêndio, ou por tipo, como água, pó químico, CO2. Os brigadistas têm que ser treinados para identificar o fogo e o tipo de extintor a ser usado. Também é importante ter hidrantes, que seriam para combater incêndios de maior proporção. É importante ter também o kit de primeiros socorros, contendo todos os aparelhos, um desfibrilador para fazer a reanimação, ou mesmo itens para fazer um curativo, fazer um estancamento. O brigadista, sem os equipamentos de incêndio em ordem, não pode fazer nada, a não ser chamar o socorro", diz.
EM PRÁTICA
Síndica do condomínio Pratice, em Jundiaí, Glória Almeida diz que precisou montar uma brigada para conseguir o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. "É uma das obrigatoriedades do AVCB. Aqui tem sete torres, com 20 andares cada e precisa de no mínimo uma pessoa brigadista por andar. Preciso de pelo menos 140 moradores brigadistas e mais 10 funcionários. Com orgulho, em um condomínio do tamanho do nosso, consegui o AVCB no ano passado, válido por cinco anos."
Ela diz que foi trabalhoso conseguir juntar a quantidade necessária de moradores que compusessem a brigada. "Contratamos bombeiro para ministrar o curso de brigada, primeiros socorros, manusear extintor, hidrante. Além de ser bom no condomínio, é um curso para a vida. A partir do momento que tem como obrigatoriedade do Corpo de Bombeiros, passa a ser obrigação do síndico ter isso no plano de gestão. O AVCB vale por cinco anos, mas brigadista tem certificado de um ano, então ano que vem preciso de mais 150 pessoas. Só consegui este número de brigadistas com três encontros de formação e o condomínio que teve a despesa. Se é fácil ou não, é obrigação do síndico fazer essa organização. De quatro mil moradores, conseguir 150 foi muito difícil", conta.
Glória comenta que, após a formação da brigada, o grupo quase precisou entrar em prática. "Em um apartamento, uma moradora ia viajar e, fechando a mala, foi passar uma última peça de roupa, esqueceu o ferro de passar ligado e foi embora, aí pegou fogo. O pessoal que estava na piscina viu a fumaça, ouviu os gritos de vizinhos, então a segurança correu para lá. O síndico da época foi acionado e chamou os bombeiros, que chegaram muito rápido. Não teve tempo para a brigada iniciar o trabalho, porque foi muito rápida a chegada dos bombeiros, mas na época já tinha brigada", lembra.