OPINIÃO

Políticas de longo prazo


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Em um mundo vivendo constante mudança, marcado por avanços tecnológicos disruptivos, dinâmicas geopolíticas complexas e desafios climáticos urgentes, a capacidade de adaptar e inovar torna-se crucial à sobrevivência e ao sucesso das nações. E essa foi uma das lições mais importantes da pandemia de Covid-19.

No contexto da indústria brasileira, tal necessidade se traduz na importância fundamental de políticas públicas de longo prazo, que garantam um ambiente propício para o desenvolvimento sustentável e competitivo do setor. O futuro já é verde e tecnológico.

Ao longo da história, exemplos comprovam que nações prósperas industrialmente são aquelas que adotam uma visão estratégica de longo prazo, transcendendo ciclos políticos e conjunturas econômicas momentâneas.

Políticas públicas consistentes e previsíveis, ancoradas em objetivos claros e bem definidos, são essenciais para criar um ambiente de negócios estável e confiável, capaz de atrair investimentos, fomentar a inovação e impulsionar o crescimento da indústria. A começar do meio ambiente.

No Brasil, a construção de uma agenda industrial de longo prazo exige um compromisso conjunto entre o governo, a indústria e a sociedade civil. É fundamental estabelecer um diálogo aberto e transparente, que permita a construção de consensos em torno de prioridades estratégicas para o desenvolvimento do setor. É isso o que o Ciesp — Centro das Indústrias do Estado de São Paulo — tem trabalhado por meio do diálogo permanente com as várias esferas governamentais e da sociedade civil organizada.

Nesse contexto, algumas áreas se destacam como cruciais para o futuro da indústria brasileira. O investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D), é a chave para a competitividade industrial no século XXI, que reside na capacidade de inovar e desenvolver novas tecnologias. O Brasil precisa investir significativamente em P&D, tanto no setor público quanto no privado, para se manter na vanguarda da inovação e gerar produtos e serviços com alto valor agregado.

Por outro lado, também não podemos deixar de lado a qualificação da mão de obra. A indústria moderna exige pessoas capazes e preparadas para lidar com as demandas da era digital.

É básico investir em educação e treinamento profissional, desde o ensino básico até a formação técnica e superior, para garantir que o Brasil disponha do capital humano necessário para atender às necessidades do setor industrial.

Outro aspecto importante é o da infraestrutura logística e de transporte eficiente, que é fundamental para a competitividade da indústria.

O País precisa investir na modernização de seus portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, além de desenvolver soluções inovadoras para o transporte de cargas, como a logística multimodal.

E é claro que não podemos deixar de pensar na desburocratização e simplificação do ambiente regulatório: A burocracia excessiva e a complexidade do ambiente regulatório representam um obstáculo significativo para o desenvolvimento da indústria.

É necessário um esforço conjunto para simplificar processos, reduzir custos e garantir maior agilidade na tomada de decisões.

Por fim, a abertura comercial inteligente, com a inserção competitiva do Brasil na economia global exige uma política comercial aberta e inteligente, que combine o acesso a novos mercados com a proteção da indústria nacional contra práticas desleais. Dessa forma acreditamos que a construção de uma indústria brasileira forte e resiliente cobra um compromisso de longo prazo com políticas públicas consistentes e direcionadas para o desenvolvimento sustentável e competitivo do setor.

Através do diálogo aberto, da colaboração entre os diferentes setores da sociedade e da implementação de medidas estratégicas, o Brasil pode superar os desafios e construir um futuro promissor para sua indústria.

Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

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