OPINIÃO

Maternidade e cérebro forte


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No mês dedicado a celebrar o dia das mães, dedico este artigo não apenas à minha mãe, prestes a completar oito décadas, como às mães da minha família, às mães todas que me cercam e com especial carinho à minha mestre na Neurociência, Drª Carla Tieppo, que sempre citarei por aqui e que inclusive, também é mãe.

Nos últimos dias, além dessas escritas, outra oportunidade me foi guindada para falar sobre dia das mães. Em uma revista, também deste veículo de comunicação, usei palavras mais contundentes para propor uma séria reflexão sobre o papel da rede de apoio no entorno e círculo social e familiar de mães e criadoras, incluindo as adotantes.

Mas, como sempre, logo em seguida, a Neurociência esse bálsamo benigno, trouxe-me, novamente na voz da Drª Carla, outra luz a respeito do que seria o "baby brain", em português com tradução livre, cérebro de bebê, conceito utilizado pra explicar um quadro que pode causar confusão mental e esquecimento durante a gravidez e que, tanto para grávidas como para puérperas, comumente é cercado de julgamentos e estigmas por parte da nossa sociedade. As modificações são consequências de transformações, não apenas hormonais, como neuro estruturais e bioquímicas. E quando mal interpretadas, pode-se ter a percepção de que o cérebro da mulher vai piorando.

Essa nova explicação, baseada em novas descobertas científicas, amplifica exponencialmente o nosso olhar, trazendo a perspectiva de compassividade e oportunidade de passar a considerar as transformações que acontecem para responder às necessidades inerentes à maternidade no rearranjo cerebral das progenitoras, algo que, ao contrário do que se pensa, trazem mais empatia, compaixão, altruísmo. Surge um cérebro mais forte!

O que ocorre é que sua atenção e foco se voltam ao preparo dos cuidados para com o bebê, afetando as funções executivas do cérebro e melhorando sua capacidade social, fundamental para a criação de um ser que passará a depender exclusivamente dela. Pessoalmente eu já ouvi várias relatarem que sua vigília durante o sono alterou-se completamente e nunca mais voltou a ser a mesma de antes da gravidez.

Além disso, dois outros fatos bastante positivos e um deles inclusive histórico, vale registrar, ficaram também conhecidos.

As mudanças positivas que acontecem permanecem com as mulheres por praticamente toda a vida, contemplando outras gestações ou não, futuras.

Outro fator interessante a citar é que pais e progenitores homens, avós e até mesmo cuidadores que são responsáveis pelos bebês e crianças, também tem sua estrutura encefálica positivamente alterada, beneficiando-se da mesma carga de sentimentos, mudanças de comportamentos e habilidades essenciais à boa criação.

Todas essas novas descobertas foram possíveis graças à maior presença de mulheres no meio científico, que passaram a pesquisar sobre as questões que as afetavam, melhorando o nível de perguntas que levaram a essas melhores respostas e resultados de investigação. E isso é sim histórico e demais louvável!

Como pessoa e especialista dedicada às humanidades em diversas áreas, fica aqui a minha profunda homenagem, em nome de todo o meu aprendizado na Neurociência, incluindo minha mestre Drª Carla Tieppo, a todas as mães deste planetinha!

Márcia Pires é Sexóloga e Gestora de RH (piresmarcia@msn.com)

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