ECONOMIA

Mulheres influenciadoras de finanças têm 21% mais seguidores que homens

Isso ocorre mesmo elas sendo minoria nas redes e publicando menos conteúdo, segundo a 6ª edição do relatório FInfluence

Por Stéfanie Rigamonti | 04/05/2024 | Tempo de leitura: 7 min
da Folhapress

Divulgação

No Facebook, Carol Dias é a única mulher que aparece no ranking do top 5
No Facebook, Carol Dias é a única mulher que aparece no ranking do top 5

A 6ª edição do relatório FInfluence, realizado semestralmente pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), mostra que, embora as mulheres influenciadoras de finanças sejam minoria e publiquem menos, elas possuem em média 21% mais seguidores do que os homens.

Dos 534 influenciadores ativos nas redes sociais que falam sobre investimentos, 64% são homens, 24% são empresas e apenas 12% são mulheres. Segundo Amanda Brum, gerente executiva de Comunicação, Marketing e Relacionamento com Associados da Anbima, o universo dos influenciadores de finanças inevitavelmente reflete o que acontece no mercado financeiro.

"Se a gente olhar para o mercado financeiro, as mulheres ainda são minoria. É um quadro que está mudando, especialmente nos cargos de entrada, nas posições mais iniciais e até mesmo na média de gerência, mas, quando a gente olha para o topo da pirâmide, ainda são muito poucas mulheres que estão lá. E, quando a gente olha para os influencers, essa realidade se reflete ali", diz.

Ainda assim, a gerente da Anbima observa que as influenciadoras de finanças possuem uma vantagem: os dados mostram que elas tendem a se humanizar mais na internet. Segundo Brum, isso ajuda a explicar o fato de as mulheres possuírem mais seguidores, mesmo abocanhando uma fatia menor do mercado, publicando 8,8 vezes menos do que os homens e, consequentemente, possuindo engajamento médio 19% menor.

"Elas falam mais da vida cotidiana, dos desafios, não só do trabalho, mas também de maternidade, de administração da casa, de carga mental, ainda que o grosso do conteúdo que elas tratem seja de finanças e investimentos", diz Brum. "Elas também contam mais histórias de superação, como chegaram lá, por que começaram a dar importância para cuidar do dinheiro. Então, à medida que a pessoa se humaniza e se expõe mais, é meio que um fenômeno psicológico, sabe? A conexão que ela gera é maior", afirma.

Brum acrescenta que cada vez mais mulheres também têm buscado certificações na Anbima para se tornar especialistas, o que aumenta seu espaço no mercado financeiro e eleva seu poder nas redes sociais como vozes qualificadas.

Se no total dos influenciadores de finanças elas correspondem a 12% do mercado, olhando para o ranking geral dos mais influentes nesse segmento, as mulheres são 20% do top 10 dos perfis que mais se destacam.

Já na segmentação por rede social, dos cinco maiores influenciadores do Instagram, mídia que possui a maior porcentagem de perfis de finanças, duas são mulheres, sendo que elas ocupam a segundo e a terceira posição. São elas, respectivamente: Nathalia Arcuri e Carol Dias (dona do perfil "Riqueza em Dias").

Já no Facebook, Carol Dias é a única mulher que aparece no ranking do top 5, mas ela está em primeiro lugar entre os que mais se destacam. Na rede X (ex-Twitter) e no YouTube, porém, elas não aparecem entre os cinco maiores influenciadores.

Os rankings da Anbima levam em consideração três critérios de atuação nas redes -popularidade (quantidade de seguidores), engajamento médio (curtidas, comentários e compartilhamentos) e comprometimento (volume e constância de publicações) - e dois fatores relacionais (autoridade e articulação).

Mais qualidade nos conteúdos
Desde o início do monitoramento da Anbima sobre os influenciadores de finanças, em setembro de 2020, a quantidade de perfis na internet desse segmento mais que dobrou - de 266 para 534 - e a de seguidores cresceu 181% -de 74 milhões para 208 milhões.

A quantidade de publicações, porém, tem perdido força, e recuou 2,8% do primeiro para o segundo semestre de 2023. Segundo o relatório do levantamento, esses números sugerem que os influenciadores estão primando por qualidade em seus conteúdos e estão conseguindo usar os algoritmos das redes sociais em seu favor, ao selecionar temas e abordagens que engajam a audiência.

Amanda Brum conta que esse movimento, em parte, tem também sido encabeçado pela própria Anbima, já que desde a primeira edição do monitoramento a associação abriu um canal de relacionamento próximo com os influenciadores que querem se destacar por meio de conteúdos qualificados e especializados.

"A gente começou a se relacionar com os influenciadores desde que a gente começou a lançar esse estudo [FInfluence]. E quando a gente fala com eles, a maioria pergunta como se diferenciar do todo. Porque é importante separar o joio do trigo. A gente sabe que tem muita picaretagem nesse segmento e eles querem se diferenciar disso", conta Brum.

Ela diz que, desde 2020, aumentou muito a quantidade de influenciadores que querem obter certificações e selos da Anbima para poder passar confiança para a sua audiência. Somado a isso, Brum afirma que o mercado financeiro todo hoje em dia é associado à Anbima, então é importante para os influenciadores se adequar às normas de mercado para poder fazer parcerias com bancos, corretoras e instituições do setor.

Segundo a gerente da Anbima, patrocínios e vendas de cursos das empresas do setor são o principal meio de receita da maioria dos influenciadores de finanças. "E todas essas empresas são obrigadas a seguir as normas de mercado. Então, à medida que você vai ter que fazer parceria com alguém que te obriga a seguir as normas, você acaba se adequando. O que tenho visto é que, quem não se adequa, no curto ou médio prazo, vai desaparecer, vai minguar, porque não vai ganhar dinheiro via parcerias", afirma.

Brum dá dicas às pessoas de como selecionar os conteúdos qualificados da internet e como identificar se um influenciador é ou não confiável. Em primeiro lugar, é preciso ficar atento às promessas de ganhos espetaculares por meio de investimentos. Ela recomenda ainda que se observe a certificação daquele influenciador que a pessoa gosta de acompanhar. Recomendação de investimentos, por exemplo, só pode ser feita por analistas certificados.

"Se você ler ou ouvir algo do tipo: 'Isso não é uma recomendação', desconfie. Porque, no fundo, a pessoa só está tentando limpar a barra. E pela regulação vigente da CVM [Comissão de Valores Mobiliários, que regula o mercado de capitais no Brasil], dizer isso não garante que a pessoa não esteja infringindo uma regra", afirma.

Brum diz ainda para desconfiar de influenciadores que gostam de se comparar com os outros, como se somente ele tivesse percebido algo que mais ninguém do mercado financeiro notou.

Mais espaço para crescer
A gerente da Anbima pondera que o mercado de influenciadores de finanças ainda é novo, mas ela não acredita que este seja um "voo de galinha". Brum afirma que todos os indicadores mostram que eles vieram para ficar.

Mesmo com o "boom" no número de perfis e seguidores, ainda há alguns temas pouco tratados pelos influenciadores atualmente, mas que têm forte adesão entre o público e que costumam engajar a audiência muito acima de outros temas mais comuns.

Segundo o relatório da Anbima, embora fundo de investimentos seja o tema menos abordado pelos influenciadores, é o assunto que mais engaja a audiência.

O mercado de ações, por outro lado, que está em primeiro lugar entre os tópicos mais abordados pelos perfis de finanças, é apenas o nono assunto que mais engaja o público.

A renda fixa segue a mesma tendência. O tema está em penúltimo lugar entre os mais abordados pelos influenciadores, mas, dentro dessa seara, títulos de CDB (Certificados de Depósito Bancário) são o segundo que mais engaja a audiência.

"Apesar do crescimento de 96% nas menções a produtos financeiros específicos, o monitoramento mostra que há ativos ainda pouco trabalhados por esses criadores de conteúdo, mas que têm grande poder de alavancar a audiência", diz o relatório da Anbima. Confira abaixo os rankings de pessoas que são as maiores influenciadoras de finanças do país:

Instagram - Rede social com o maior número de perfis de influenciadores de finanças

  1. Bruno Perini (Você mais Rico) - Produtor de conteúdo
  2. Nathalia Arcuri - Produtora de conteúdo
  3. Riqueza em Dias - Produtora de conteúdo
  4. Pablo Spyer - Assessoria/corretora
  5. Bruno Paiolinelli - Especialista

X (ex-Twitter) - Rede social com o maior número de postagens de finanças

  1. Economista Sincero - Produtor de conteúdo
  2. Rafael Gloves - Produtor de conteúdo
  3. Rafael Zattar - Analista
  4. Felipe Tadewald - Especialista
  5. Felippe Hermes - Especialista

Youtube - Rede social com o maior engajamento médio por publicação de finanças

  1. Investidor Sardinha - Investidor independente
  2. Economista Sincero - Produtor de conteúdo
  3. Dalton Vieira - Analista
  4. Luiz Vaz Trader - Investidor trader
  5. O Amor ao Dinheiro (O Pai Peter) - Investidor trader

Facebook - Rede social menos utilizada por influenciadores de finanças

  1. Riqueza em Dias - Produtora de conteúdo
  2. Bruno Perini (Você mais Rico) - Produtor de conteúdo
  3. Investidor Sardinha - Investidor independente
  4. Gustavo Cerbasi - Especialista
  5. O Primo Rico - Produtor de conteúdo

Ranking geral - Dados cruzados de todas as redes sociais

  1. Bruno Perini (Você mais Rico) - Produtor de conteúdo
  2. Economista Sincero - Produtor de conteúdo
  3. O Primo Rico - Produtor de conteúdo
  4. Investidor Sardinha - Investidor independente
  5. Flávio Augusto - Produtor de conteúdo
  6. Riqueza em Dias - Produtora de conteúdo
  7. Nathalia Arcuri - Produtora de conteúdo
  8. Pablo Spyer - Assessoria/corretora
  9. Primo Pobre - Produtor de conteúdo
  10. Berman Trader - Investidor trader

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