MUNDO PET

No Brasil, pets não convencionais já são 39% do total de animais

Antes de adotar um animal exótico, é essencial que o futuro dono realize uma pesquisa completa e se prepare adequadamente

Por Rafaela Silva Ferreira | 28/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Arquivo pessoal

Anna Beatriz explica alguns pontos sobre os pets não convencionais
Anna Beatriz explica alguns pontos sobre os pets não convencionais

Segundo o Censo do IPB (Instituto Pet Brasil), o Brasil ocupa o 3º lugar no ranking mundial de países com mais pets, com um total de 149,6 milhões de animais de estimação. A procura por pets não convencionais, que são animais da fauna silvestre ou exótica, também vem crescendo. A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação indica que esses bichinhos representam 39% dos animais que estão nos lares brasileiros.

De acordo com a veterinária Anna Beatriz Nicolau Rocha, essa tendência pode ser atribuída a uma série de fatores, porém há diferentes cuidados em comparação com animais mais tradicionais.

"Os principais desafios de se ter um pet não convencional como animal de estimação incluem a necessidade de atender às exigências específicas de habitat, uma vez que temos diferenças grandes na anatomia, fisiologia e dieta desses animais." Além disso, dentro de um mesmo grupo (por exemplo, aves de rapina e psitacídeos como araras, papagaios e periquitos), existem diferenças significativas em anatomia, alimentação e hábitos.

Em clínicas de pets não convencionais, os profissionais podem atender uma variedade de espécies. Mas há também aqueles que são mais comuns como animais de estimação. "Incluem aves como calopsitas, araras, agapornis, periquitos, répteis, jabutis, tigres-d'água, serpentes, e pequenos mamíferos como furões, hamsters, hedgehogs (ouriço), porquinhos-da-índia e coelhos", comenta a veterinária.

Antes de adotar um animal exótico, é essencial que o futuro dono realize uma pesquisa completa e se prepare adequadamente. "Saber sobre as necessidades específicas da espécie, considerar o espaço disponível, custos associados e aspectos legais é muito importante. Além disso, os cuidados veterinários preventivos essenciais incluem exames regulares como hemograma e exame de fezes, vacinações (se aplicável), controle parasitário e dieta balanceada, além de monitoramento constante do ambiente para garantir que atenda às necessidades do animal", ressalta.

Legalidade

Adquirir um pet não convencional deve ser feito com cuidado. É importante procurar um criadouro comercial regularizado pelo Ibama e garantir a segurança no manuseio dos animais. Ao adquirir um animal silvestre, o tutor recebe uma espécie de nota fiscal, que deve ser mantida e apresentada em casos de fiscalização.

É importante destacar que manter bichos silvestres e exóticos em casa, sem a devida autorização e documentação, é considerado crime. O art. 29 da Lei nº 9.605/1998 estabelece que "matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida", entre outras infrações. A pena para esse e outros crimes listados é de seis meses a um ano de detenção e multa.

Como cães e gatos?

Também veterinária, Débora Thomazeski, 30 anos, possui duas calopsitas, duas twister (rattus norvegicus), um axolote (espécie de salamandra) e vários peixes. Além deles, também é tutora de cães e gatos. Ela conta que sempre gostou do diferente. "Quando criança cheguei a ter até codorna como pet, então quando apareceu a oportunidade de adotar minha primeira dupla de twister, eu não pensei duas vezes. Nisso, já se foram seis anos, chegamos a ter um pombo de estimação também", revela.

A veterinária comenta que as pessoas estão acostumadas com o comum, mas o incomum e o exótico também pode ser muito legal se devidamente tratado. "Aliás, muitos desses animais interagem com o tutor e são carinhosos, assim como os cães e gatos. No caso das twister, elas interagem como um cachorro: atendem quando são chamadas, gostam de carinho, chegam a lamber e demonstrar felicidade. As calopsitas são 'mais na delas', mas também interagem bem, cantando e conversando conosco. O axolote é uma graça! Por viver dentro da água, não dá para ficar pegando ele, mas interage na hora da alimentação e se acostumou a ser alimentado na mão, então é sempre bem fofo."

Especificamente falando sobre o axolote, Débora conta que não há dificuldades nos cuidados, mas que às vezes, a falta de informação pode atrapalhar. "Quando o adquiri, obtive algumas informações bem erradas e acabei tendo que pesquisar muito e aprender bastante para dar qualidade de vida para ele", finaliza.

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.