OPINIÃO

Sua memória está fraca?

13/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

À medida em que envelhecemos, ocorrem mudanças em todas as partes do nosso corpo, incluindo o cérebro. A perda de memória é uma queixa unanime, mas não é uma parte inevitável do processo de envelhecimento. Existem muitos cérebros octogenários por aí afiados como uma navalha no quesito memória.

Com o envelhecimento, é natural sentir preocupação com as mudanças em nossas habilidades mentais. Queremos realizar as nossas rotinas diárias, ser autossuficientes e reviver os momentos mais preciosos das nossas vidas, sem ter que nos preocupar com a nossa memória e, em particular, com a demência. É importante pensar sobre isso, pois há como prevenir a perda de memória, demência e Alzheimer através do estilo de nossas vidas.

Quando enfrentamos estresse e incerteza extremos, nosso córtex pré-frontal fica essencialmente "offline". Mas é esta a parte do nosso cérebro responsável pela tomada de decisões, autorregulação e pensamento de nível superior, a parte que nos ajuda a focar e alcançar nossos objetivos. Muitos estudos descobriram que quando enfrentamos grandes fatores de estresse, nossa concentração, memória e capacidade cognitiva são prejudicadas.

A perda de memória foi um dos efeitos mais relatados durante a pandemia, quando o assunto veio à tona: pessoas muito jovens que foram infectadas pelo vírus relataram perda de memória. Foi demostrado que o covid provocava reações destrutivas no hipocampo, área do cérebro responsável pela memória, pois nossas células de defesa, na tentativa de combater as proteínas spikes, destruíam as sinapses dos neurônios, o que impedia a transmissão de informações, gerando perdas de memória.

É muito importante entender a causa da perda de memória e saber que se for memória de longo prazo, como fatos do passado ou o nome de pessoas próximas, é hora de procurar ajuda médica, já que pode estar associada a doenças degenerativas do sistema nervoso. Porém, as memórias de curto prazo podem estar associadas à causas como: má alimentação, deficiência vitamínica, digestão, absorção de nutrientes, problemas intestinais, má qualidade do sono, uso de remédios, estresse, depressão, fadiga crônica, problemas hormonais e falta de atividades físicas.

Num bate-papo descontraído com a médica, M. Fernanda Ferret, especialista em geriatria, medicina integrativa e medicina da família, me contou que a queixa de perda de memória é geral, que está intimamente relacionada ao estresse, sobrecarga e fadiga mental, e que costuma indicar aos seus pacientes, além de  melhora do estilo de vida geral (alimentação, atividades físicas, relaxamentos, etc), a estimulação cognitiva através de exercícios, jogos e aplicativos que estimulam áreas especificas do cérebro e retardam ou até revertem a perda de memória, dependendo do caso. Também disse que é importante colher exames específicos e suplementar adequadamente. A médica ressaltou a importância da procura por ajuda médica o quanto antes, pois há muito o que fazer.

Porém, como também disse a médica, a prevenção faz toda a diferença.

Sabemos a tempos que não dormir o suficiente está associado à perda de memória. O mesmo acontece com o sono agitado e o sono que é perturbado com frequência. Fazer do sono saudável o suficiente uma prioridade é um grande feito para a saúde geral. As condições médicas, como hipertensão, diabetes, depressão, perda auditiva e obesidade também podem estar associados ao problema.

Seja fisicamente ativo todos os dias: a atividade física aumenta o fluxo sanguíneo para todo o corpo, incluindo o cérebro. Isso pode ajudar a manter sua memória nítida a longo prazo. Além da alimentação é a orientação dada por todos os médicos, é unânime.

Além dos fatores genéticos, a forma como envelhecemos depende do nosso estilo de vida e ambiente. Geralmente, podemos apoiar um envelhecimento saudável desafiando os nossos cérebros, comendo de forma saudável e sendo física e socialmente ativos, entre outras opções de estilo de vida. Embora estas escolhas não garantam uma vida longa, saudável e livre de doenças, são as nossas melhores opções para diminuir o risco de doenças e garantir o nosso bem-estar à medida que envelhecemos. Muita saúde a todos.

LICIANA ROSSI é educadora física (licianarossi@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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