OPINIÃO

Autismo não é doença, mas uma condição a ser compreendida

06/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

O dia 2 de abril é marcado como o "Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo". O autismo não é uma doença, mas uma condição neurológica que afeta a maneira como as pessoas percebem o mundo ao seu redor. Mesmo assim, ainda existe muito desconhecimento, algo que leva ao preconceito e à discriminação com aqueles que estão nessa situação.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o autismo atinge uma em cada 100 crianças no mundo. Criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo tem por objetivo divulgar as informações sobre tal condição, a fim de reduzir os preconceitos e contribuir para o desenvolvimento de quem é afetado pelo transtorno do espectro autista (TEA).

É importante registrar que o TEA se caracteriza por dificuldades na comunicação e interação social, que podem envolver situações como comportamentos repetitivos, dificuldades para lidar com estímulos externos (som alto, por exemplo), interesses restritos e adoção de rotinas muito específicas.

O autismo, ou TEA, é um espectro heterogêneo e pode-se manifestar em vários graus - leve, moderado e elevado -, sendo que em alguns os sinais são mais ou menos evidentes. Em alguns casos, o transtorno só é diagnosticado na idade adulta. E não são poucos os famosos que, no auge de suas carreiras, descobriram ter algum grau de autismo.

O ator britânico Anthony Hopkins, ganhador do Oscar, descobriu ter o transtorno quando já tinha 70 anos. À época da descoberta, inclusive, ele revelou que ser autista o ajudou na composição de muitos de seus personagens porque pôde observá-los com um outro olhar.

E há inúmeros outros casos, como dos também atores Dan Aykroyd e Paddy Considine, da atriz Daryl Hannah, dos atletas brasileiros Diego Vivaldo (campeão mundial de jiu-jitsu) e João Vitor Silva Ferreira (campeão de judô), do surfista havaiano Clay Marzo, e da ativista sueca Greta Thunberg. Todos diagnosticados com a Síndrome de Asperger, uma das várias manifestações do autismo.

O fato é que as pessoas com autismo são únicas e têm suas próprias habilidades. A melhor forma de ajudar é se informar e respeitar as diferenças, inclusive promovendo cada vez mais a educação inclusiva e outras iniciativas que busquem integrar os autistas em nossa sociedade.

Ser portador de autismo não é algo ruim ou bom. É apenas diferente daquilo que estamos acostumados, e assim deve ser visto. Tanto que tomo a liberdade de reproduzir aqui o ensinamento dito pelo filho de uma amiga, e que já enfrentou toda sorte de dificuldades por conta de sua condição: "No futuro as pessoas vão se misturar cada vez mais, casarem e terem filhos com pessoas de outros países, outras raças, outras culturas... até o infinito e então, o mundo vai se entender melhor e o diferente vai ser normal", disse o jovem Antônio Rabelo Retori, diagnosticado como autista aos cinco anos de idade e hoje cursando o segundo ano do ensino médio.

Então, com a lição de sabedoria de Antônio, vamos espalhar o amor e a conscientização sobre o autismo, aprender cada vez mais sobre essa condição e valorizar a diversidade. Não apenas no dia 2 de abril, mas em todos os dias do ano.

Maurici é deputado estadual (PT-SP)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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