HISTÓRIA

Cripta de Jundiaí é portal para o passado e presente da fé

Ali, jazem os restos mortais de três de seus quatro bispos: Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (1º bispo diocesano); dom Roberto Pinarello Almeida (2º) e dom Amaury Castanho (3º)

Por Rafaela Silva Ferreira | 05/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

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 Mais do que um local de descanso final para bispos, a cripta é um portal que transporta para o passado
Mais do que um local de descanso final para bispos, a cripta é um portal que transporta para o passado

No subsolo da grandiosidade da Catedral Nossa Senhora do Desterro, em Jundiaí, repousa um espaço carregado de história e fé: a Cripta da Catedral. Mais do que um local de descanso final para bispos, a cripta é um portal que transporta para o passado, revelando a profunda religiosidade do povo jundiaiense.

Construída em 1997, quem desce os degraus que conduzem ao lugar, é envolvido por uma atmosfera única, marcada pela sobriedade da arquitetura e pela presença de túmulos ornamentados. Ali, jazem os restos mortais de três de seus quatro bispos: Dom Gabriel Paulino Bueno Couto (1º bispo diocesano); dom Roberto Pinarello Almeida (2º) e dom Amaury Castanho (3º). “Dom Joaquim Justino Carreira foi vigário geral e nomeado pelo Papa Bento XVI para bispo da Diocese de Guarulhos. Ele ficou apenas 1 ano em Guarulhos e quando veio para esta catedral, como estou hoje, elaborou todo o projeto para a cripta que já deveria existir. Na época, os restos mortais de Dom Gabriel estavam no Mosteiro das Irmãs Carmelitas", conta o padre Adriano Luís Zucculin.

Padre Zucculin se dispôs a explicar para a reportagem do Jornal de Jundiaí como a tradição funciona. “As criptas sempre alojam os restos mortais dos bispos. Todas as catedrais possuem esse costume, a não ser que o bispo faça um pedido expresso para ser sepultado em outro lugar. Por exemplo, dias atrás ficamos sabendo que o Papa Francisco não será sepultado debaixo da basílica de São Pedro, mediante ao seu pedido.”

O lugar possui inúmeros pertences de Dom Gabriel Paulino Bueno Couto. "Aqui temos fotos, trajes e informações sobre a vida dele. No dia 21 de novembro de 1966, Dom Gabriel foi nomeado pelo papa Paulo VI para ser o primeiro bispo diocesano de Jundiaí. Na época da fita cassete", continua o padre. "O bispo gravava muito de suas conferências, além de ter sido um homem que gostava de ler, escrever e desenhar."

A cripta, no entanto, não se limita a ser um mero local de sepultamento. Ela também serve como palco para celebrações religiosas. “Faz 42 anos da morte de Dom Gabriel e, anualmente, celebramos missas em nome do bispo. Além disso, toda cripta precisa ter um altar para celebração ao Dia dos Finados.”

Para além de sua importância histórica e religiosa, a Cripta da Catedral também é aberta ao público gratuitamente. "Aos sábados e domingos, no período da manhã, sempre tem alguém para acompanhar", finaliza o padre Adriano.

A CATEDRAL

Em 1651, foi iniciada a construção da igreja que substituiria a primeira capela construída pelos fundadores de Jundiaí, Rafael de Oliveira e Petronilha Antunes. Em 1655, a nova igreja seria dedicada à Sagrada Família, tendo como padroeira Nossa Senhora do Desterro.

Construída em taipa de pilão, possuía tendências arquitetônicas barroco-português. Muito mais tarde, em 1886, seguindo projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, a então Igreja de Nossa Senhora do Desterro passa por grande reforma e tem totalmente alterado seu estilo para Neogótico – que tentava resgatar as características do estilo gótico, surgido na França entre os séculos 12 e 14, considerado como “a arte das Catedrais”. Carregado de simbolismo teológico, tal estilo busca expressar a grandiosidade: tudo se volta para o alto, em direção aos céus e a Deus.

Como complemento dessa reforma, em 1921, por sugestão do então vigário, cônego Hygino de Campos, o interior da igreja sofreu novas transformações. Passou a ter abóbadas ogivais, recebeu vitrais e as paredes ganharam belíssimos afrescos do artista plástico italiano Arnaldo Mecozzi. Há poucos registros, mas as indicações são de que a igreja passou por outras transformações. A reforma mais expressiva na década de 50. Bem mais tarde, entre 1997 e 2000, a Catedral sofreu reformas estruturais e foi restaurada integralmente.

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