OLIMPÍADAS

Breaking é a nova modalidade nos jogos Olímpicos

O breaking é o mais novo esporte olímpico, escolhido pelo Comitê Olímpico Local de Paris 2024 como uma das mobilidades extras

Por Letícia Malatesta | 27/03/2024 | Tempo de leitura: 4 min
Jornal de Jundiaí

Arquivo próprio

TH tem a cultura do breaking em sua vida desde 2003
TH tem a cultura do breaking em sua vida desde 2003

Na Olimpíada de Paris 2024 o breaking é a mais nova modalidade olímpica, escolhida pelo Comitê Olímpico Local de Paris 2024 como um dos esportes extras, que substituirá o caratê.  Por isso, há uma grande expectativa pela estreia da modalidade. Afinal, os b-boys e b-girls, como são chamados os atletas do breaking, chamaram a atenção em Buenos Aires. O esporte foi um dos destaques dos Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, apesar disso, no Brasil, o esporte ainda não é muito conhecido, mas já bem estruturado.

A inclusão do breaking nas Olimpíadas é uma estratégia do Comitê Olímpico Internacional (COI) para atrair a atenção dos jovens para os jogos. O breaking é considerado mais que um esporte. Quem pratica costuma dizer que a primeira dança a fazer parte do programa olímpico é uma cultura e um estilo de vida, como é o caso de Thiago Vieira, mais conhecido como TH, atualmente produtor cultural do projeto Breaking Ibira, evento criado por b.boys e b.girls que tem por objetivo de celebrar a cultura hip hop, encontrar desafios através da dança e expressar sua criatividade e habilidade em suas sessions [sequência organizada de passos de breaking], desde 2017 em parceria com o MAM (museu de arte moderna) tem atraído pessoas de diversas regiões de São Paulo.

“Meu primeiro contato com a dança foi em 2003. A cultura hip hop sempre fez parte da minha vida, me tornei praticante firme um pouco depois da infância, através de amigos que já praticavam na quebrada onde eu morava, a partir disso me envolvi em vários projetos ao longo da vida, participei de competições e me tornei arte educador em 2011, trabalhando com breaking e outras vertentes das danças urbanas e junto a isso participando de competições com as crews [nome para grupos de dança, muito difundido nos Estados Unidos com o Hip Hop] que fiz parte”, relata o entusiasta da dança.

Esta é a única modalidade estreante em Paris 2024. As batalhas de breaking vão acontecer na La Concorde, nos dias 9 e 10 de agosto de 2024, e vão contar com 16 B-Boys e 16 B-Girls.

Desde que foi oficializado o breaking como esporte olímpico em dezembro de 2020, competições nacionais e internacionais entraram no foco dos competidores, para tentar garantir uma das 32 vagas disponíveis para as Olimpíadas de Paris.

TH explica sobre como funcionam as competições tradicionais do estilo, que são diferentes da competição que acontecerá olimpíadas.

“Antes das competições de breaking em si, acontecem as batalhas de breaking, um confronto entre duas ou mais pessoas em que eles demonstram suas principais capacidades dentro do Breaking. Uma batalha não tem limite de tempo e nem juíz, só o entendimento de quem está batalhando e quem está no entorno das cyphers [rodas de pessoas que estão assistindo as b-girls e os b-boys], após os competidores se enfrentam no 1x1, onde quem perde é eliminado, os que sobraram se enfrentam novamente, até chegar no campeão ou campeã.”

Já nas olimpíadas, as competições serão um pouco diferentes. A modalidade estreia com duas categorias, feminina e masculina, que competirão em torneios individuais, com tempo máximo de 60 segundos. O DJ escolherá a faixa que e os atletas precisam criar em cima da batida.

TH acredita que a olimpíada irá gerar visibilidade ao esporte, porém ele tem uma preocupação com o futuro da modalidade.

"Não posso afirmar que o breaking na olimpíada é um avanço, mas algumas coisas progrediram dentro da vida dos praticantes, que estão mais próximos de patrocínios, graças a essa visibilidade proporcionada pelas olimpíadas e isso é bom para a vida das pessoas, mais recursos, melhores condições, então nesse sentido pode se dizer que há um leve avanço, mas esse não é o único ponto. Do ponto de vista de ‘o que é breaking?’ foi colocada uma questão que antes não existia, ‘breaking é dança ou esporte?’, não tinha nenhuma discussão sobre isso e agora tem, pra quem sempre foi praticante nunca houve dúvida, sempre foi dança, mas para quem está chegando agora, está vendo o breaking ser apresentado como esporte e com certeza isso pode  ter consequências no futuro, e aí não sabemos se positivas ou negativas”, comenta.

O que é breaking e como surgiu? 

O breakdance é um estilo de dança urbana, parte da cultura do hip hop criada por afro-americanos na década de 1970 na cidade de Nova Iorque, normalmente dançada ao som do rap, funk ou breakbeat.

Quando o breakdance veio para o Brasil? 

Não demorou muito pro breaking chegar ao Brasil. Foram poucos anos após o movimento surgir no Bronx, em Nova York, na década de 70. Por aqui, ganhou traços da cultura nacional e uma identidade própria, sem perder a essência de sua origem. Os pioneiros treinavam na rua e dentro de transportes públicos, o que atraia os entusiastas do gênero, dali surgiram as primeiras crews brasileiras, entre elas a Panteras Negras e a Dragon Breakers, além da Back Spin, grupo mais antigo de breaking do País, na ativa desde 1985.

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