OPINIÃO

Importância da indústria para o empoderamento

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Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, embora ainda tenhamos muito a evoluir, é gratificante observar que as profissionais já respondem por um quarto dos recursos humanos no parque fabril brasileiro. Além disso, sua participação em cargos de gestão passou de 24% para 31,8%, entre 2008 e 2021. Esses dados do Observatório Nacional da Indústria/CNI mostram que, apesar de o índice ser ainda inferior ao dos demais ramos da economia, o crescimento em nosso setor nas funções de liderança, de 32,5%, foi três vezes maior no período do que em todos os demais, nos quais houve avanço médio de 9,8%.

O levantamento também apontou que, a cada 10 indústrias brasileiras, seis realizam programas de promoção da igualdade de gênero, 61% delas há mais de cinco anos. Estamos progredindo nessa agenda, como eu já havia observado em artigo publicado no início do ano, no qual reportei que no programa "Elas na Indústria", mantido pelo Conselho Superior Feminino (Confem) da Fiesp, ocorreu crescimento de 280% no número de formandas em sua terceira turma de mentoria e capacitação. A iniciativa visa ampliar as perspectivas para que mais mulheres alcancem altos cargos na gestão ou sejam empreendedoras.

No âmbito de nossas entidades de classe tem crescido sua participação em funções de destaque. A Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem Ciesp/Fiesp anunciou que as juristas Selma Maria Ferreira Lemes e Adriana Braghetta, experts na área, são as novas presidente e vice do seu Conselho Temático. O colegiado é integrado por profissionais notáveis e lhe compete, dentre suas principais atribuições, contribuir para a elaboração de normas, apoiar a divulgação dos meios adequados para a solução de conflitos e propor melhorias no entendimento entre partes litigantes. É um trabalho de grande relevância.

É crucial que o exemplo da indústria e outros setores produtivos sensibilize cada vez mais a sociedade brasileira quanto ao caráter nocivo e inaceitável do preconceito e da discriminação. Também é prioritário o combate à truculência e agressões contra a mulher. O Atlas da Violência 2023, publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela um aumento de 4,72% na taxa de homicídios femininos em lares brasileiros entre 2011 e 2021. São cerca de 1,4 mil assassinatos por ano pela simples condição de gênero. O 17º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública/2023 relata um recorde de 74.930 casos de estupros em 2022.

É inadmissível continuarmos convivendo com estatísticas tão tristes como essas em nosso país. Por isso, a valorização e o respeito à condição feminina por meio do trabalho e das oportunidades profissionais isonômicas, como vem ocorrendo na indústria, são muito significativos, pois empoderam as mulheres e as fortalece na luta contra a violência. Mas, esta é uma causa de todos nós. Precisamos continuar mobilizados de modo incansável, todos os dias, para que a desigualdade e a violência de gênero sejam extirpadas de nossa sociedade.

Rafael Cervone é engenheiro, empresário, presidente do Ciesp e primeiro vice-presidente da Fiesp (imprensa@ciesp.com.br)

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