A devastação que os fenômenos climáticos têm causado não deixa mais margem a dúvidas: precisamos tomar providências tão drásticas quanto urgentes para evitar o colapso do intrincado mecanismo que regula o clima terrestre. Um dos entendimentos recentes mais importantes nesse sentido, e que a cada dia se mostra mais evidente, é o papel central das cidades no enfrentamento desse desafio. Objetivamente, isso significa integrar os municípios na nova economia, a Economia Verde.
Afinal, o que é a Economia Verde? Basicamente, é a maneira encontrada para evitar o desequilíbrio do clima. Funciona assim: a causa do desequilíbrio é o aumento da temperatura da atmosfera terrestre. Esse aumento é provocado pelas emissões de gases poluentes, como o dióxido de carbono. A solução, portanto, é substituir a economia atual por uma economia movida a máquinas que não emitem esses gases. Estamos, no presente, dando os primeiros passos nessa direção.
Para realizar essa transição, contamos com vários recursos como, por exemplo, a ampliação das áreas florestais - as árvores absorvem o dióxido de carbono da atmosfera e convertem em oxigênio.
Mas como implementar outras medidas além do reflorestamento? O caminho encontrado para viabilizar a Economia Verde foi tornar o combate ao desequilíbrio do clima uma nova oportunidade de negócios. Para isso, foi criado, por acordo mútuo entre as nações, uma nova mercadoria - ou seja, um bem que pode ser negociado no mercado - o Crédito de Carbono. Cada crédito equivale ao sequestro de uma tonelada de dióxido de carbono.
As cidades também estão na linha de frente dessa nova Economia: podem implementar um sistema de transporte público não poluente, incentivar o uso do transporte coletivo e aprimorá-lo, implementar políticas internas de gestão de resíduos, estabelecer incentivos fiscais para edificações sustentáveis, promover a eficiência energética em suas operações, investir em tecnologias verdes e estimular o uso responsável da água, além de estimular as empresas a explorar parcerias com organizações locais e governos para impulsionar iniciativas de reciclagem e reutilização de materiais.
Ao adotar essas ações integradas, as cidades não só contribuem para a mitigação das mudanças climáticas, mas também promovem a sustentabilidade econômica e social, criando ambientes urbanos mais resilientes e saudáveis para as gerações futuras.
E não para por aí: podem cuidar e, se possível, aumentar suas áreas verdes, gerando, via Créditos de Carbono, uma nova fonte de receita para o erário público. Ou seja, ao se integrar na Economia Verde, o município não apenas mitiga o impacto ambiental, como fortalece a economia local e se torna um centro de inovação e desenvolvimento sustentável.
Temos de voltar o olhar para o futuro. Não podemos perder, como já aconteceu no passado, essa oportunidade de fazer o nosso país avançar de forma a proporcionar uma melhor qualidade de vida para todos. Foi assim, com o olhar voltado para o futuro, que Jundiaí tomou no passado medidas inovadoras que nos permitiram sair da condição de cidade dormitório e figurar hoje no primeiro pelotão das cidades brasileiras.
Miguel Haddad é advogado, foi deputado e prefeito de Jundiaí (miguelmhaddad@gmail.com)