OPINIÃO

A polimatia e a Gypsophila

03/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min

De tanto repetir para gente mesma que nada mais nos surpreende, às vezes os acontecimentos mais simples e aparentemente insignificantes do cotidiano nos deixam perplexos.

Para o leitor que acompanha essa coluna por sua versão impressa em papel, não apenas te convido a ficar até o final, como desde já te parabenizo por isso. Em tempos de IA, metaversos, realidade aumentada, um monte de não sei quantos "gês", áudios acelerados em aplicativos de comunicação e afins, saiba que seu gesto de ler com atenção um texto está se transformando tristemente em um ato heroico.

De acordo com o que se encontra em uma biblioteca digital bastante conhecida por quem utiliza a Internet, polimatia é a aptidão para várias áreas do saber. Uma das principais características que podem distinguir um gênio. Um dos polímatas mais conhecidos mundialmente foi Leonardo da Vinci. Simplificando um pouquinho mais, trata-se de alguém que não se limita a uma única área de conhecimento e busca compreender e dominar assuntos e temas diversos. E consegue estabelecer ligações entre temas aparentemente "nada a ver" uns com os outros.

Eu sou extremamente apaixonada pela polimatia, desde que me descobri uma polímata. E antes que você pense que estou me auto atribuindo qualquer espécie de genialidade, vou te contar o que ela tem a ver com o título deste artigo.

Meses atrás, comprando flores naturais para minha casa em um supermercado, fiquei simplesmente fascinada ao ver, pela primeira vez, versões coloridas de Gypsophila, também conhecida por mosquitinhos. Aquelas simpáticas mini flores brancas, muito utilizadas para compor decorações diversas, junto com outros tipos de plantas.

Pouco tempo depois, para decorar mesas de uma confraternização da empresa, eu precisava de mosquitinhos de cor azul. Fui a uma floricultura com bastante antecedência da data do evento, para encomendar e garantir minhas gypsophilinhas diferentes das comuns, imaginando que precisariam de um tempo para conseguir providenciar. A atendente, sem compreender muito a razão da minha preocupação excessiva com prazos, supôs tratar-se de dezenas de maços. Eu precisava de dois, apenas. Eis que fui surpreendida! Disse-me ela : "...senhora, eu posso lhe entregar as flores no dia do seu evento. Precisamos apenas de um dia de antecedência para tingi-las..." Tingi-las? Como assim? Fração de segundos e eu pensando se havia escutado errado. E insisti : "...como assim, tingir as flores, moça?..." "...sim, elas são coloridas artificialmente, a senhora não sabia?..." Meu sorriso amarelo completamente revelou a minha santa ignorância. Só restou a ela rir do meu enrubescimento. E não teve cerimônias pra me mostrar a embalagem de tinta spray utilizada na produção de tingimento de mosquitinhos de pelos menos seis tons diferentes.

Em minha mente, mosquitinhos coloridos seriam fruto de um muito bem elaborado sistema de cultivo agricultor pós décadas de pesquisas e estudos de laboratório e muitos testes genéticos para se chegar a flores em tons diferentes das de cor branca tradicional.

Mas, e aí? Onde entram, a IA e a polimatia aqui?

Apesar da inteligência artificial ser tão temida, o nosso cérebro é analógico, você sabia disso?

Mais analógica que essa minha história com os mosquitinhos, impossível! Tirem suas conclusões.

Márcia Pires é Sexóloga e Gestora de RH (piresmarcia@msn.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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