OPINIÃO

Intestino e sono: um depende do outro!

03/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Será que há uma ligação da saúde intestinal com a qualidade do sono para mantermos a nossa saúde em níveis ótimos? A resposta é sim!

Isso porque o ecossistema de bactérias que temos em nosso intestino pode afetar diretamente o sono e as funções fisiológicas relacionadas a ele, já que mexem com o nosso ritmo circadiano, alterando o ciclo de dormir e acordar e afetando os hormônios que regulam o sono e o estado de vigília.

O comportamento do sono é regulado por processos homeostáticos e circadianos, este último está relacionado à composição da microbiota intestinal, que é uma rede ecológica multifacetada composta por várias espécies de microrganismos, que pode ser modificada através da dieta e de outros fatores externos, como o exercício físico e estresse.

Desde o nosso sistema imunológico, até a absorção de nutrientes, passando por nossa saúde mental, tudo está ligado à qualidade da microbiota intestinal. Os microrganismos estão ligados ao cérebro por meio de uma rede de neurônios espalhados pelo trato gastrointestinal, chamado de sistema nervoso entérico, em uma via de mão dupla em que um afeta o funcionamento do outro.

O eixo intestino-cérebro é a ligação entre o sistema nervoso central e o sistema nervoso entérico, que pode ser entendido como o "sistema nervoso central do intestino", o que também explica o termo "segundo cérebro" dado ao intestino, já que ele funciona de forma independente, sem precisar de comandos diretos do cérebro para exercer suas funções.

Porém, ambos os órgãos estão o tempo todo trabalhando em conjunto e trocando informações, o que explica a relação entre o intestino e as emoções, já que o que acontece em cada área afeta a outra. Entenderam como o intestino influencia vários aspectos da nossa vida, como as emoções, comportamentos, sono, imunidade, entre outros, e vice-versa?

Para ficar mais claro um assunto tão complexo, pensem que a serotonina e a dopamina, que são neurotransmissores fundamentais para a manutenção da nossa saúde mental, são produzidas em maior parte no intestino, cerca de 90% a 95% . Desta forma, quando há um desequilíbrio no funcionamento intestinal, a síntese destes neurotransmissores fica prejudicada, e os nossos estados emocionais acabam sofrendo com os efeitos.

Portanto faz sentido a fama do intestino como nosso segundo cérebro, já que a qualidade da microbiota está intimamente relacionada à eficiência de comunicação do eixo intestino-cérebro e uma microbiota ruim pode afetar essa comunicação gerando distúrbios no sono tanto quanto o sono insuficiente causa desequilíbrios na microbiota. Difícil de entender, porém faz sentido. Fora que inúmeros estudos apontam que pacientes com o sono desregulado têm mais risco de desenvolver doenças intestinais.

O sono ruim também altera a produção de cortisol, contribui com as inflamações, atrapalha a imunidade e tem relação direta com o estresse. Quando o cortisol está alterado, se dormimos mal ou sob estado de estresse, a produção de enzimas digestivas diminui, fazendo com que o intestino tenha que trabalhar mais para quebrar os alimentos que chegam até ele. Ou seja, digerimos mal e assimilamos pior ainda os alimentos.

Assim como uma alimentação ruim prejudica nossa saúde, uma alimentação equilibrada contribui para a melhora na qualidade do sono e faz com que o nosso intestino funcione melhor, assim como alimentos processados, álcool, cigarro, açúcar e sedentarismo desregulam o intestino, o que pode afetar a qualidade do sono. Sono e intestino são sinônimos de saúde. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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