OPINIÃO

Quadrinhos, história e situação atual


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30 de janeiro, terça-feira, é o Dia Nacional da História em Quadrinhos, já que nessa mesma data, em 1869, o jornal Vida Fluminense (RJ) publicou a primeira "tirinha" de uma história ilustrada chamada "As Aventuras de Nhô Quim", contando as peripécias de um caipira perdido na cidade grande - escrita e desenhada por Ângelo Agostini.

Vale ressaltar que para minha geração, os heróis das revistas se consagraram no decorrer do século XX, com uma vantagem a mais das grandes celebridades dessa era: a de serem amados pelas crianças e se tornarem inesquecíveis para os adultos. A razão do sucesso residiu no fato de terem sido criados a nossa imagem e semelhança, alguns frutos do cotidiano, outros, nascidos dos nossos sonhos.

Internacionalmente, «The Yellow Kid - O Garoto Amarelo» foi o primeiro personagem. Resultado da disputa de novos leitores, desenfreada por magnatas da imprensa norte-americana e foi criado por Richarda F. Outcaut em 1890. Era um menino de grandes orelhas, vestido com uma camisola que ia até o calcanhar. Em seguida surgiram «Os Sobrinhos do Capitão» de Rudolph Dirks e a partir daí, a corrida se acelerou, tendo sido criado em 1905 por Winsor Mccay, «Little Nemo no País do Sono». Todos esses elementos tiveram um objetivo: fazer rir. A primeira história dramática apareceu em 1912: «Tarzan dos Macacos», do romance de Edgar Rice Burroughs, desenhado por Hal Foster.

A fase áurea dos quadrinhos começou em 1929, com aventura e realismo ganhando destaque. Alex Raymond já celebrizava o seu herói «Flash Gordon», o senhor dos espaços. Mandrake e Lotar já eram sucessos na criação de Lee Falk e Pril Davis, os mesmos de «Fantasma». Outros que se destacaram: «Jim das Selvas» e «Agentes Secreto X-9», de Alex Raymond; «Dick Tracy», de Chester Gould; «Capitão Marvel», de C. C. Beck; «Terry e os Piratas», de Milton Caniff; «Red Rydes», de Fred Harman; «Cisco Kid», de José Luiz Salinas; «O Reizinho» de Oto Solglow; «Pinduca» de Carl Anderson; «Betty Boop», de Max Fleisher; «Tom e Jerry» de Hanna e Barbera; «Krazy Kat», de George Harriman; «O Gato Felix» de Pat Sullivan; «O Recruta Zero», de Mart Walker; "Popeye", de Elizie Segar; «Tintin», de Hergé; «Asterix» de Goscinny e Uderzo; «Popo», de Walt Kelly.

Walt Disney talvez tenha sido o mais importante e famoso produtor de desenhos animados. Nasceu em Chicago. Foi desenhista de publicidade e caricaturista durante algum tempo - experiência que transferiu para o cinema, onde começou sua carreira em 1923. Criador do Coelho Oswald, Mikey Mouse, Pato Donald, o cão Pluto e o papagaio Zé Carioca - ou a maioria dos mais célebres «personagens do mundo em quadrinhos».

Entre os mais importantes no Brasil e que tentaram gerar histórias genuínas de nosso povo são: Maurício de Souza, Henfil, Ziraldo e Zélio, entre outros. O primeiro foi o que mais se destacou e seus personagens «Monica», «Cebolinha», «Anjinho", «Bidu», «Cascão» e «Horácio» já estão sendo consumidos em outros países.

A personalidade dos personagens das histórias em quadradinhos que os celebrou foi o humor acessível a todas as classes sociais. Solidificaram-se e perpetuaram suas imagens entre os homens. Foi uma espécie de tradição de «pai para filho desde 1890». Em cada um, encontramos sempre um pouco de nós.

Vivemos, no entanto, outros tempos. Os heróis já estão sendo substituídos por outros, em diferentes técnicas alçadas pelo avanço tecnológico e baseados até em puros modismos. Games, muita coisa eletrônica, efeitos especiais e inúmeras criações informatizadas que podem propiciar distração e entretenimento, mas evidentemente não serão os mesmos de meu tempo, cujos personagens lembravam nossos cotidianos e principalmente, os encantos de uma época manifestamente dourada, ingênua e embasada em sonhos, fantasias e até perspectivas futuras.

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídcas. Autor de diversos livros (martinelliadv@hotmail.com)

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