OPINIÃO

Entrando numa fria

27/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Semana passada eu tive uma incrível experiência, que ansiava a tempos: um banho de imersão em água gelada, isso mesmo, no gelo, basicamente, com a temperatura em torno de 2 a 8 graus.

Esse desejo começou quando ouvi falar sobre um método de imersão na água fria, em meus estudos nos Estados Unidos. Em meio à pandemia, novamente o nome Win Hof entrou em minha formação, desta vez sobre seus métodos respiratórios. Muito interessantes por sinal. Coincidentemente, na mesma época eu assisti uma série onde eram analisados tópicos desafiadores de bem-estar, chamada "The GoopLab", com a atriz Gwyneth Paltrow e novamente me deparei com Win Hof e seu método para alivio do estresse.

Isso tudo me fez começar a segui-lo nas redes sociais e a praticar a terapia de banhos gelados à minha maneira, após meu banho quentinho. Comecei a sentir uma grande diferença na minha energia pois consegui persistir por um bom tempo. Comecei a fazer suas respirações guiadas também, foi sensacional.

Win Hof ficou conhecido como "O homem do gelo", pois escalou o Monte Everest e o Monte Kilimanjaro sem camisa, ficou o máximo de tempo submerso em cubos de gelo e correu uma maratona no Ártico a -20ºC só de bermuda e tênis. Ele propõe uma série de técnicas respiratórias e exercícios mentais que nos fazem aumentar a nossa temperatura central e resiliência mental para resistirmos à sensação de frio.

Nos últimos anos, a crioterapia ganhou grande popularidade porque está associada a inúmeros benefícios à saúde. Algumas pessoas como atletas profissionais, fisiculturistas e celebridades optam pela crioterapia de corpo inteiro, técnica da qual experimentei. Os cientistas encontraram evidências de que isso acelera o metabolismo, reduz inflamação, inchaço e dores musculares. Os atletas utilizam banhos de gelo como forma de acelerar a recuperação. Além de estar associada à melhora da qualidade do sono, concentração e resposta imunológica.

O banho gelado pode ser considerado um biohacking, ou seja, uma forma de mudar o ambiente de fora e dentro, para que tenhamos o controle da nossa biologia, permitindo otimizar corpo, mente e nossa vida, potencializando tudo de melhor que temos.

O método Win Hof é constituído de três pilares: respiração, mentalizações e exposição ao frio.

Assim que descobri que teria um curso do método em são Paulo, fiz minha inscrição na hora e comprei uma de presente para meu marido, que a princípio, se preocupou com a idéia.

Lá fomos nós, com mais alguns amigos. Chegamos lá, aprendemos a parte teórica, os estudos que validaram o método, exercícios para aquecer o corpo, exercícios de mindfullness, mas foi na respiração e meditação que me senti plena e em êxtase. São respirações enérgicas e pausadas que hiperventilam o corpo, com inspirações rápidas e retenções de ar para que as células armazenem o máximo de oxigênio, alcalinizando o sangue, reduzindo a circulação do ácido lático, diminuindo as dores. Quando o corpo entra em contato com a água gelada, se obriga a produzir calor, o que impacta na redução de gordura e na melhora de processos inflamatórios. Fora que a respiração indicada pelo atleta holandês diminui a ansiedade e aumenta o bem-estar físico e mental.

Sabe o que aconteceu quando eu entrei na banheira de gelo? Eu não senti frio! Estava completamente focada por conta das respirações e da meditação, num local muito confortável dentro de mim. Permaneci na banheira por 2 minutos (o protocolo inicial) e não senti passar o tempo. Assim que sai me senti inundada por neurotransmissores que garantiram bem-estar, energia, alegria, vontade de abraçar a todos, de rir, foi muito gostoso, além de não sentir frio. Minha mente controlou meu corpo e isso foi incrível.

Vocês devem estar pensando se meu marido entrou realmente numa fria, não é? Sim! E ele amou e desde então tornou-se adepto às respirações matinais e banhos frios diários pela manhã, sentindo muita energia e bem-estar também. E tem mais, já comprei a banheira e farei dos banhos frios o mais novo hábito de saúde em nossas vidas. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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