Em meio a um cenário de consumo consciente e responsabilidade social, os brechós solidários têm ganhado destaque por destinar parte - se não tudo - de suas vendas para organizações voltadas à proteção e cuidados aos animais.

A comerciante Adriana Martini, 54 anos, é proprietária do Brechó da Manga, localizado na rua Senador Fonseca. Ela conta como tudo começou, com a ajuda da sua ex-sócia, Valéria Silva. "Foi uma necessidade. Nós sempre ajudamos a causa animal, mas na época em que começamos o brechó, estávamos desempregadas. Então fizemos um bazar na garagem da casa da Valéria."

Inicialmente, o foco das sócias era ajudar na castração, assim diminuindo o número de animais abandonados. "Começamos a enxergar os bastidores desta causa e descobrimos que tudo era ainda mais complicado. Os animais precisam de remédio, ração, veterinário. E isso custa caro."

Depois de seis meses, Valéria e Adriana alugaram uma casa e montaram o primeiro brechó, hoje localizado na rua Rangel Pestana. "O Maria Chica, além de brechó, se transformou em um abrigo. E depois de cinco anos com a Valéria, abri meu próprio brechó (da Manga) e desta forma, conseguimos ajudar mais animais."

O trabalho de Adriana depende 100% de doações, tanto de roupas masculinas como também de femininas. "Não compro nenhuma peça de roupa e também conto com o envolvimento comunitário de outras protetoras independentes, além da parceria com o Instituto Focinho Feliz", comenta.

Questionada sobre a importância da sua função para a causa animal, Adriana diz que a gratidão dos animais não tem preço. "O mais impactante sempre será os resgates e o pós-resgate, quando percebemos a real personalidade daquele animal que estava sozinho na rua e como ele sempre será grato pela ajuda. Tenho um exemplo de uma cadelinha que foi resgatada com fome e com filhotes, a Chardonnay. Hoje ela tem um lar novo e amoroso, mas não me esquece. Nada compra esse sentimento."