Em um olhar mais atento, é possível observar as visões díspares dos grandes líderes mundiais que, às vezes, até caminham lado a lado em convergências de pensamentos, embora não em ações mas, todavia, em grande parte, se submetem ao "status-quo" e divergem conceitualmente e pragmaticamente, conforme os objetivos superiores de seus países.
Agora, em Davos, na Suíça, onde ocorre o 27º Fórum Econômico Mundial, é perfeitamente identificável essa realidade. Lá se encontram grandes líderes dos principais países do mundo, assim como grandes empresários e executivos empresariais; políticos e pensadores econômicos.
Nesses vinte e sete anos, alguns propósitos prosperaram diante de um senso comum e avançaram em ações em muitos países ou blocos econômicos mas, todavia, grande parte ficou para trás, como apenas uma retórica não praticável.
Alguns fatos, entretanto, dizem respeito à individualidade de países, que devem refletir sobre suas realidades e posições e, estrategicamente, implementar ações para correção de rumos e objetivos. Um fato real diz respeito ao Brasil, quando CEOs de grandes empresas ao redor do mundo elegeram os países "Top Ten", onde aparecem as melhores opções para investimentos e, pela primeira vez, nos últimos anos, o Brasil ficou de fora, apenas como a 14ª, melhor opção, considerando a relação "custo x benefício", para investimentos empresariais. À primeira vista, pode não parecer relevante, mas considerando que somos um país de renda média, portanto, com um baixo nível de poupança interna, com insuficiente nível de investimentos, tanto público, como privado, o capital estrangeiro é, para nós, muito relevante e imprescindível, pois significa a instalação de empresas multinacionais, que trazem o capital; o avanço tecnológico, empregos de qualidade, além de contribuirem para um maior agregado nacional e, quiçá, incremento em nossas exportações.
É preciso conhecer o "qualificativo" dessa pesquisa para não só entendermos as razões que fizeram o nosso país perder posições na atratividade para investimentos externos mas, principalmente, fazermos correções de rumos, de forma a eliminar os gargalos de estrangulamentos, que revelam as nossas deficiências e retrocessos perante a comunidade internacional.
Como brasileiros, sabemos as virtudes e exuberâncias do nosso país: temos estabilidade política e democracia; temos uma extensão territorial de um continente, com oito milhões, quinhentos e onze mil quilômetros quadrados; um extenso mercado consumidor, com uma população de duzentos e treze milhões de habitante; somos uma das vinte maiores economias do mundo (G-20); somos credores do resto do mundo, com reservas internacionais de US$ 345 bilhões, para uma dívida externa de cerca de US$ 275 bilhões, portanto, com excelente liquidez internacional. Entretanto, temos muitos problemas, como o quase indecifrável Sistema Tributário; insuficiente nível de saneamento básico; baixo nível de produtividade da mão de obra e, além de muitos outros, uma logística ferroviária aquém do mínimo desejável; um sistema educacional deficiente e, muito mais.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia, Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (pavesicastro@bol.com.br)