OPINIÃO

Cidadania, uma conquista coletiva!

12/11/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Muitos brasileiros infelizmente, alguns por suas precárias formações, desde pequenos se acostumam a bajular pessoas que estão no poder ou que desfrutam de condições financeiras bem satisfatórias. Essa badalação chega às raias da submissão, sendo uma constante, trazendo muitas vezes uma sensação de total impotência, acreditando que é necessário supervalorizar tais indivíduos, independentemente de quais sejam as suas intenções e objetivos ou de como alcançaram determinadas posições de destaque.

E ao contrário, não dão mérito aos que realmente deveriam ser reconhecidos, como cientistas, pesquisadores, educadores e muitos que se dedicam a melhorar a qualidade de vida dos outros, por vocação, caráter e principalmente por solidariedade e participação ativa na sociedade. Essa inversão de valores não é só provocada pela ignorância, mas às vezes também por egoísmo, interesses pessoais e exibicionismo barato.

Por outro lado, as que estão no outro lado e que ostentam determinados "status" em sua grande maioria adora ser paparicada por esses indivíduos, alienados ou que buscam alguns ganhos, sentindo-se com se fossem os maiorais. No entanto, tanto uns, como outros revelam uma sociedade onde a tônica é o resultado (e não os meios para atingi-lo), o que não deixa tempo para o próximo. Tal quadro reduz a sensibilidade, passando muitos a menosprezarem os sentimentos alheios, a não considerarem as opiniões do outros e a relegarem a um segundo plano as noções mais básicas de cortesia e bom relacionamento. Só agem harmoniosamente se tratarem com seres ou assuntos convenientes às suas ambições.

O bem comum, que deveria ser buscado permanentemente, identifica-se como a associação de circunstâncias que permitam as pessoas alcançarem seus anseios. Deveríamos, portanto, resgatar os princípios autênticos como o da fraternidade para reduzirmos as diferenças entre os indivíduos, eliminarmos a violência e buscarmos uma convivência pacífica em comunidade. O descompromisso com terceiros e a indiferença com a situação destes, revela uma individualidade extrema que só prejudica o desenvolvimento moral e ético da coletividade em geral.

A cidadania é sempre uma conquista coletiva que depende do nosso corajoso empenho pessoal e operacionalmente, revela-se em qualquer atitude cotidiana que implique a manifestação de um atributo de pertinência e de responsabilidade conjunta. Assim, se não executarmos a nossa parte ou não termos a ciência de pertencer a um grupo, continuaremos condescendentes com as irregularidades que acabam prejudicando a todos e àqueles que só pensam no luxo, na prepotência, no individualismo, realizando-se com tais aspectos, certamente encontrarão no futuro, total desamparo espiritual.

Está na hora de deixarmos de lado muitas circunstâncias banais para assumirmos propósitos autênticos no sentido de quitarmos as imensas dívidas sociais criadas pelo Estado e alimentadas pela elite que o sustenta e controla. Com isso, crescem os índices de miserabilidade e indigência. Embora a maioria dos brasileiros ainda não tenha percebido, o país vive um momento de concordata silenciosa, em que fomos conduzidos a uma armadilha que nos deixou em grande vulnerabilidade externa por culpa das más administrações.

Às vésperas das comemorações da Proclamação da República, devemos refletir profundamente. E se persistirmos no manifesto marasmo e no descaso que caracterizam os dias atuais, o que esperar no futuro de adultos que estão sendo criados hoje, com o objetivo de estar à frente apenas para se fazer ouvir em benefício próprio e não de toda a coletividade? O que será do amanhã quando todos estiverem imbuídos apenas pela ânsia de levar vantagem?

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor e professor universitário. É autor de diversos livros e ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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