OPINIÃO

Espiritualidade e suas Expressões

03/11/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Sempre comento de como o brasileiro é maravilhoso sendo ecumênico no que se refere a espiritualidade: em maioria, nascemos em berço católico, mas convivemos muito bem com benzedeiras, terreiros e seus orixás ao longo da nossa vida. Comemoramos o Halloween sem culpa.

Penso que o “nosso” médium, Francisco Cândido Xavier, quando disse que o Brasil seria o “celeiro” espiritual do mundo, estava coberto de razão!

Espiritualidade é uma dimensão do ser humano que deve ser sempre cuidada e  também faz parte dos diferentes aspectos da saúde do indivíduo. Não se pode tratar ou curar alguém acaso ignore os aspectos do contato desse indivíduo com o intangível, com o invisível, que muitas vezes se traduz em espiritualidade e religiosidade.

O que seria, contudo, este “cuidar” da própria espiritualidade?

São vários os aspectos, mas aquele que eu gostaria de relatar aqui é o “permitir-se” ao contato com as próprias percepções do invisível e com isso validar os próprios sentimentos despertados com este processo.

Acreditar no próprio poder espiritual e deixar que estes sentimentos sejam a bússola para  a escolha, dentre as diferentes tradições, da que mais ressoa na alma.

Caso o despertar espiritual ocorra desta forma, daremos vazão ao que está inscrito dentro de nós e trabalharemos essa percepção de uma maneira saudável, recebendo e a acolhendo em um lugar que criamos dentro de nós para realizar aquilo que já nos era próprio. Isso é desenvolvimento e abertura do próprio ser.

O contrário, contudo, tentando fazer caber em uma doutrina pré-estabelecida, algo que nos é próprio e genuíno mas um tanto diverso do “geralmente aceito”, pode ser castrador e prejudicial à saúde, pois nunca vamos contemplar os diferentes aspectos de algo que é naturalmente plural e amplo como a individualidade de cada ser.

As crenças são firmadas em ritos e tradições exercidos coletivamente na nossa sociedade, mas eles são somente o começo de uma experiência no plano espiritual  que é, fundamentalmente, vivida na nossa intimidade. Por conta disso mesmo que não há necessidade de justificar a sua crença com um discurso formal ou mesmo baseá-la na “ciência”. A sua espiritualidade deve fazer sentido para você, ninguém mais.

Gosto muito do exemplo ocorrido com o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico e estudioso da glândula pineal enquanto órgão sensorial deste mundo invisível (o emérito colega correria sério risco de terminar enforcado caso sustentasse seus estudos em algumas comunidades norte-americanas no fim do século XVI, por descarada bruxaria). Enquanto pesquisador, sempre foi muito empenhado em provar a contiguidade da consciência no pós-vida até o dia em que ele mesmo passou por uma experiência de quase morte (EQM no nosso jargão médico). Logo depois disso, a urgência de se provar para seus pares rapidamente se extinguiu.

O que o ilustre colega precisava era entrar, ele próprio, em contato direto com o mistério do intangível que estudava e com isso, experienciar integralmente por si como é o pós-morte. Mais do que saber, ele tinha que o sentir e de lá tirar as conclusões que nortearam sua vida do momento desta EQM em diante.

Permita-se então, a este contato, mas de maneira controlada e mais suave que uma EQM, mas que produza efeitos profundos e direcionadores

Alexandre Martin é médico especialista em acupuntura e com formação em medicina chinesa e osteopatia (xan.martin@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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