OPINIÃO

Praças mais cuidadas e seguras

22/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min

As praças humanizam as cidades e as relações entre as pessoas. São centros de lazer democráticos e gratuitos; abertas a pobres e ricos, crianças e idosos. Sem preconceitos, nela brincam as crianças, os idosos jogam cartas, os namorados se beijam, os cachorros passeiam e fazem xixi nos postes, todos batem papo e se encontram para fazer o que tiver vontade. Por isso, deveriam ser mais cuidadas e seguras, dada a grande importância que representam à convivência social.

Há muita poesia e música falando de seus encantos e da sua concepção popular. No final dos anos 60, Ronnie Von no Brasil cantava as lembranças de "um banco da pracinha onde um amor nasceu".  O compositor Caetano Veloso a celebrizou indicando que  "a praça Castro Alves é do povo, como o céu é do avião".   Na TV,  há mais de trinta anos no Brasil,  "A Praça É Nossa" traz ao SBT muita diversão  com personagens autênticos e universais.

Pode se dizer que são carregadas de gente de fé. Muitas delas abrigam igrejas que promovem atos litúrgicos prestigiados por fiéis que acabam passando por elas. São tão simpáticas as nossas recordações, que até uma pessoa quando é boa, recebe carinhosamente a indicação "boa praça".

Falamos tudo isso, porque 22 de outubro, hoje, é o Dia da Praça no Brasil. Momento de celebrarmos esse centro que, como propósito urbano que vincula o indivíduo à sociedade, faz com que  partilhe construtivamente da vida do seu semelhante, encerrando vários aspectos que nos levam a solidariedade.

As ágoras, na Grécia, podem ter sido as primeiras praças na história, já que era um ambiente público aberto para os cidadãos discutirem política. Historicamente se formaram nas cidades europeias,  normalmente  relacionadas com a configuração natural de um espaço livre a partir dos planos de edifícios que foram sendo construídos ao redor de construções importantes, como mercados centrais, igrejas, catedrais e prédios públicos, conforme publicações sobre o assunto.

No entanto, para nós, constitui-se ainda em espaços ao ar livre, importantes à convivência social,  principalmente à consolidação de relações amistosas, local de encontros e até de reflexões e reinvindicações. Mas infelizmente constatamos em nosso país, com raras exceções, que a manutenção desses espaços é ruim, desleixada e às vezes, sem segurança em determinados horários. Muitas pessoas que moram próximas, reclamam desse abandono que prejudica sensivelmente as relações humanas. Algumas estão, inclusive, fechadas ao público. Outras, com estátuas se deteriorando, jardins enjeitados e demais aspectos que as apequenam diante de seus grandes propósitos.

Uma cidade sem praças é uma cidade onde as pessoas não se encontram. Em uma definição bastante ampla, encontrada na internet, ela se constitui em qualquer espaço público urbano livre de edificações e que propicie convivência e/ou recreação para seus usuários. Tanto que num momento da música consagrada, destaca:  "A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim, tudo era igual, nada mudou, mas estou triste porque não tenho você perto de mim". Assim, também o romantismo integra seus atributos, que são manifestamente importantes já que o futuro, coletivo e individual, depende de esforços pessoais que se somam e começam a mudar pequenas questões para, estruturado numa boa dose de renúncia, alcançar gradualmente, e o quanto antes, a consolidação de uma convivência afável e justa.

Já se disse que a praça também é um local de beleza, memória, revelando a alma do município na qual está localizada. É um relevante espaço de socialização e lazer dos moradores, podendo ainda, ser utilizado pelo Poder Público para a sensibilização dos cidadãos, das questões ambientais e ponto de referência, resguardando viva a história das civilizações.

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor, professor universitário e ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas. Autor de diversos livros (martinelliadv@hotmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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