Opinião

O silêncio faz bem

Por |
| Tempo de leitura: 3 min

O silêncio é comumente associado à ausência da fala e do som, à pausa. "O ruído nos leva a esquecer quem somos. O silêncio nos revela", disse o escritor espanhol Juan Arias.

Diminuir os ruídos ao nosso redor traz impactos positivos tanto para o nosso corpo, como para a nossa mente. As pessoas expostas a barulhos constantes apresentam mais problemas cardíacos e no sono, assim como uma alta liberação de cortisol, o hormônio do estresse. E quando o cortisol passa a ser liberado em excesso, pode ser o responsável pelo aumento do risco de diabetes, hipertensão, depressão e até mesmo dificuldade na emagrecer.

Já o silêncio traz paz interior, incentiva a criatividade, a satisfação, o bem-estar, tão importantes para a manutenção da nossa saúde e qualidade de vida. Além de promover sensação de relaxamento e diminuir o estresse.

Estudos mostram que o silêncio ajuda a controlar a pressão arterial, reduz o risco de problemas cardiovasculares, melhora o sono, é um aliado contra a ansiedade e a depressão, totalmente o oposto dos ruídos em excesso.  Ficar em silêncio pode ainda levar ao crescimento de novas células cerebrais no hipocampo, região do cérebro relacionada ao aprendizado, à memória e às emoções.

Eu, por exemplo, necessito de silêncio. Ele é vital para o meu equilíbrio e paz interior. Além de ser extremamente prazeroso e terapêutico. Eu sempre busquei a natação como forma de silenciar em movimento. Mas após o Yoga foi que compreendi a importância do silêncio para mim. Ficar em silêncio acalma, traz bem-estar, ajuda a tanto na organização interna quanto na externa, deixando com que as pessoas se expressem e falem, e eu as ouça. Além de possibilitar vários insights que chegam em momentos de pausa mental.

O silencio pode também nos servir de proteção, ajudando a esconder emoções ou mesmo gerando dúvidas e até mesmo, tornar as pessoas em nossa volta bem confusas. Alguns utilizam o silencio para punir.

A prática de se abster e silenciar é positiva não só diante de uma situação de crise, mas no seu cotidiano, antes de dormir ou durante suas refeições, por exemplo. Somos constantemente bombardeados de notícias, sons, vozes e telas. Logo, estar em completa ausência de ruídos pode ser desafiador. Mas isso não é um problema: assim como praticar exercícios físicos ou até aprender algo novo, saber ser e estar em silêncio demanda um tempo e leva algumas tentativas, mas traz bons frutos.

Engana-se quem pensa que nosso cérebro está desconectado quando silenciado, ou que você não está contribuindo para sua atividade cerebral. O nosso cérebro está sempre apto e pronto para reconhecer a quebra acentuada de sons. E o que se instaura por ali, depois que esse silêncio passa de momentâneo para condição prolongada, é o mais profundo relaxamento.

Segundo conhecimentos holísticos, o silencio nos uma traz conexão que ativa principalmente os Chakras superiores, como o frontal e coronário, responsáveis pela abertura de percepção de vida e conexão com a espiritualidade. Não é a toa que é necessário silenciar para orar, para se conectar com algo maior. O poder da fé é encontrado no silenciar o corpo e a mente.

Abaixar os volumes, cortar os ruídos, encontrar a paz no que não é dito. Estar em um quarto somente se concentrando na imensidão do nada, ouvindo somente nossos pensamentos internos, e intensificando nossa conexão e percepção do mundo ao nosso redor. Silêncio é autoconhecimento de si mesmo e dos seus limites. É respeito com seu corpo, mente e ambiente. Muita saúde a todos.

Liciana Rossi é educadora física (licianarossi@terra.com.br)

Comentários

Comentários