GUERRA CIVIL

Brasileiro em Israel relata tensão em meio a conflito com palestinos

Ao JJ, Jader Verba narrou rotina da família desde os primeiros ataques, no sábado (7): restrição, bunker e medo do que está por vir

Por Mariana Meira | 10/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min
Jornal de Jundiaí

ARQUIVO PESSOAL

Jader Verba mora em Katzir, região localizada a 130 km da Faixa de Gaza
Jader Verba mora em Katzir, região localizada a 130 km da Faixa de Gaza

Eram cerca de 7 horas da manhã do último sábado (7) quando Jader Verba, 63, reuniu-se com a família na sala para escolher um filme em um dia comum e ensolarado de folga. O silêncio da rotina, no entanto, foi rompido pelo noticiário local, que mostrou na televisão as imagens dos primeiros bombardeios do grupo islâmico Hamas sobre Israel. “Tudo foi de zero a mil. No início eu achei que fosse algo gravado. Ninguém estava esperando e não existia nenhum preparo para isso.

Ainda estamos tentando entender o que está acontecendo”, contou o brasileiro, em entrevista ao vivo, por vídeo, ao programa “Difusora 360”, da Rádio Difusora Jundiaí. Jader mora em Katzir, uma região localizada a cerca de 70 quilômetros de Tel Aviv e 130 quilômetros da Faixa de Gaza.

Apesar da distância, ele relata que chegaram a cair mísseis a menos de 7 quilômetros da residência onde, desde o início do conflito, permanece com a esposa e suas duas filhas. “Meus dois genros foram convocados para a guerra, e não fazemos ideia de onde eles estão. E nós, que estamos em casa, ficamos em um bunker que temos aqui”, relata, afirmando que todos os imóveis em Israel devem, por lei, possuir bunkers, estruturas fortificadas parcial ou totalmente construídas embaixo da terra e feitas para resistir a projéteis de guerra.

Até o momento, pelo menos 1.587 pessoas morreram em Israel e em Gaza desde sábado. Foram pelo menos 900 vítimas em Israel, 100 delas encontradas em um kibutz (habitação coletiva) em Be’eri, no sul do país. Já na Palestina são 687 mortes confirmadas, segundo as autoridades locais. As invasões foram pelo ar e por terra.

Segundo Jader, o clima em geral no país é de tensão, uma vez que há sempre uma expectativa de que a situação possa piorar. Ele afirma que as estradas estão vazias e a orientação do governo é de que a população não saia de perto de seus abrigos. “Está um silêncio estranho em Israel. A Estamos todos esperando pelo que vai acontecer.”

GEOPOLÍTICA

Jader é um dos milhões de israelenses que, há décadas, tiveram que reaprender a recomeçar quantas vezes fossem necessárias - uma resiliência adquirida por um povo que assiste a conflitos entre Israel e Palestina há pelo menos 70 anos. O embate remonta a 1947, quando as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados — um judeu e um árabe — na Palestina, sob mandato britânico.

A proposta foi aceita pelos líderes judeus, mas rejeitada pelo lado árabe e nunca foi implementada. Ao longo desse período, diversas tentativas de paz foram feitas, nenhuma bem sucedida. “O problema não é só sobre territórios. A questão vai além, envolve conflito entre duas culturas”, opina Jader.

O brasileiro disse que, de forma geral, o povo de Israel não tem concordado com a política adotada pelo primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu - ele afirmou em pronunciamento ontem (9) que “a batalha vai levar tempo” e prometeu que a guerra só terminará com a eliminação do inimigo, embora não tenha mencionado uma possível invasão da Faixa de Gaza.

O território é controlado pela facção terrorista Hamas, cujas atrocidades, segundo o premiê, são comparáveis às do Estado Islâmico. “Não acredito que ele se mantenha depois dessa guerra, ao mesmo tempo em que existe um consenso de que o Hamas não pode mais controlar a terra”, diz, finalizando que espera que o conflito tenha um fim logo e que “a vida volte ao normal o mais rápido possível”.

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