Eu, de forma muito modesta, tentarei, neste meu espaço, tratar desse assunto de uma maneira objetiva.
Mas desde já aviso que não conseguirei chegar a uma conclusão racional. Não sou judeu, nem muçulmano, nem israelense nem palestino. São quatro coisas que estão unidas e separadas. Juntas e misturadas. Não dá para compreendermos as truncadas relações religiosas, sociais, culturais, econômicas, filosóficas, políticas de um conflito tão antigo em uma coluna. Em um post nas redes sociais.
Por isso começo implorando a todos vocês, estimados leitores: não concluam nada fazendo leituras rasas. E posso garantir que TUDO o que está sendo escrito é raso. Até essas minhas linhas serão rasas, superficiais.
Começo, portanto, explicando de forma bem resumida o contexto histórico. O conflito entre esses dois povos tem origem na região histórica da Palestina, que ao longo de séculos foi habitada por diferentes grupos étnicos e religiosos, incluindo judeus e árabes. E nessa região há elementos e lugares importantes para as três grandes religiões monoteístas do mundo: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. No final do século XIX, surge o chamado movimento sionista, que promoveu a ideia de um Estado judeu na Palestina, que era então parte do Império Otomano. Isso levou à migração judaica para essa região.
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Império Otomano se desintegrou, e a Liga das Nações (o embrião da ONU) concedeu um mandato (direito de administrar) para o Reino Unido sobre a Palestina, e os britânicos prometeram apoio à criação de um "lar nacional judeu" na região já ocupada por árabes palestinos. Isso levou a um aumento das tensões com a população árabe local. Conflitos violentos eclodiram entre esses dois grupos, com a "mediação" britânica.
A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi cruel para o povo judeu. Seis milhões foram mortos no Holocausto.. Em 1947, as Nações Unidas propuseram a partilha da Palestina em dois estados: um judeu e um árabe. Isso levou à criação do Estado de Israel em 1948 (proposição defendida pelo brasileiro Oswaldo Aranha). Os países árabes vizinhos se opuseram, desencadeando a Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949). Desde então, houve várias guerras e conflitos entre Israel e os países árabes e grupos palestinos, desde terroristas como o Hamas como políticos como a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
O conflito também envolve questões de controle territorial, direitos dos refugiados palestinos e o estatuto da cidade de Jerusalém, que é considerada sagrada por judeus, muçulmanos e cristãos.
Vários esforços internacionais para alcançar a paz na região foram feitos. No entanto, as negociações frequentemente entraram em colapso, e o conflito persiste.
Insisto: o conflito em questão é complexo e multifacetado, envolvendo questões históricas profundas, interesses políticos, identidade cultural e religiosa. Resolver o conflito continua sendo um desafio significativo para a comunidade internacional.
De forma muito, muito resumida, esse é o contexto histórico. Mas quais os pontos que precisam estar claros para se analisar a situação hoje na minha modesta opinião?
Em primeiro lugar, é fundamental compreender que a solução está apenas numa saída negociada que permita Israel e Palestina lado a lado. Porém, tanto um lado como o outro tem atuado contra isso, com violência extrema. E ao meu ver, nada, absolutamente nada justifica a violência cometida contra os palestinos e nem contra os israelenses.
Portanto, quando ficamos procurando justificativa moral para atos cruéis dos dois lados estamos cometendo um erro tão grande quanto a violência que assola o Oriente Médio.
Minha recomendação? Cautela na análise da situação e oração por esses povos.
Samuel Vidilli é cientista social (svidilli@gmail.com)