Brasil, um país rico e, ao mesmo tempo, pobre. Um país de sucessos e, também, de fracassos. Onde, quando, como erramos?
A racionalidade econômica, diante da realidade da escassez dos fatores produtivos (capital, trabalho e recursos naturais), indica que mesmo com grandes erros e equívocos nas decisões governamentais, ao longo dos anos, o Brasil vem avançando em setores fundamentais da infraestrutura nacional, como, por exemplo, na evolução da geração de energia elétrica, com uma das matrizes mais limpas do mundo, com quase noventa porcento (90%) da energia gerada pelas hidroelétricas, eólicas, energia solar e biomassas, portanto, renováveis.
Somos grandes produtores de petróleo, com uma produção de 3,5 milhões de barris/dia, exportando 1,5 milhão de barris por dia de petróleo bruto e, importando 1,2 milhão de barris de petróleo leve, tipo Brent.
Somos, também, um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo (soja, milho, café, algodão, farelo de soja, sucos de laranja e muitos outros, como minério de ferro etc.), o que possibilita que o Brasil seja, há anos, superavitário na Balança Comercial.
Temos, entretanto, gargalos de estrangulamentos em setores fundamentais para o País, como na educação básica. O país precisa decidir rápido um ciclo de oito (8) horas diárias de aulas, com três (3) refeições; acrescer à grade curricular, cadeiras como empreendedorismo, como educação financeira, artes, incluindo teatro e aprendizagem de música e práticas esportivas. No segundo grau, além de manter as disciplinas acima sugeridas, incrementar o ensino técnico-profissionalizante, como ocorre no Senai, Senac e Etecs (escolas técnicas).
Estruturalmente, temos a grande deficiência da excessiva concentração da renda, com os 10 % mais ricos, detendo quase 60 % da renda nacional. A pobreza atinge cerca de sessenta milhões de brasileiros. Como consequência, o país gera uma poupança interna de apenas 17 % do PIB – Produto Interno Bruto, insuficiente frente às necessidades de investimentos do país.
Os estímulos do Governo para fomentar o crescimento da economia, está focado no "consumo" e, como os recursos são escassos, são poucos os recursos que sobram para "investimentos", que atingem, como muito, cerca de 2,0% do PIB – Produto Interno Bruto.
Quando o estudo do "Problema Econômico Fundamental e o uso da moeda", constatamos que a relação entre as necessidades humanas e os meios (escassos) capazes de atendê-las, caracterizam-se por duas condições:
- Em primeiro lugar, os meios são insuficientes para atender a todas as necessidades;
- Em segundo, os meios podem ser usados de forma a atender necessidades diferentes.
Infelizmente, a realidade nos mostra que a ambição política quase sempre se sobrepõe à racionalidade na utilização dos recursos escassos e, então, prioridades fundamentais para o país e a sociedade, muitas vezes, ficam em segundo plano.
É preciso um planejamento estratégico para o país, consensado com a sociedade (através de entidades representativas), que seja uma espécie de guia a ser seguido pelo Governo, no curto, médio e longo prazos.
Messias Mercadante de Castro é professor de economia, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (messiasmercadante@terra.com.br)