Opinião

Chocolate, café e vinho

07/09/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Sábado passado eu acordei lá pelas dez da manhã. Sem toque do despertador, função soneca nem nada.

Costumo acordar lá pelas seis, mas é que depois de uma semana daquelas o corpo queria umas horinhas a mais de sono.

Levantei, fui até a cozinha, passei um café bem forte, e fiz o teste de qualidade.

Meu teste de qualidade é colocar o café em um copo de vidro e olhar contra a luz, se eu não ver o outro lado é porque o café está forte o suficiente.

Café aprovado, fiz um misto quente e fui até a sala. Liguei a tevê. Nem sei qual era a série que passava, queria mesmo era um som de fundo. Alisei o gato que me olhava com cara de reprovação. Penso que ele queria seu café da manhã também.

Na mesa de centro tinha um livro que comecei ler, estava lá pela página oitenta. A rotina corrida não me permitiu continuar. Resolvi retomar já que o romance parecia interessante.

Abri o sofá, e me acomodei para iniciar a leitura. Fui interrompido umas duas vezes pelo felino que queria comer. Acho que ele também tem sua rotina matinal. Retomei a leitura agora com o gato devidamente alimentado.

Me lembrei da música do Djavan e acho que preciso discordar de um clássico da MPB. Não sei se precisamos de um dia frio para ler um livro, se tiver um café do lado já está valendo.

Nem gato faminto atrapalha.

E a vontade era essa mesma, passar o dia no sofá. Intercalando leitura com qualquer programa na televisão. Trocando entre carinhos nas páginas do livro e no pelo do gato.

Tudo isso regado a muito café. Um chocolate talvez.

Mas vi que na dispensa está faltando algumas coisas. O chocolate só tenho uma barra. Chocolate branco. Nada mal, mas o meu preferido é o meio amargo. Pensei em deixar as compras pra depois. Mas vi que falta canela. Aí não dá né? Quem depois do trinta corre o risco de ficar sem canela em casa? É o mesmo que dirigir em rua esburacada sem estepe.

É confiar demais no acaso.

Troquei de roupa, e fui até o mercado. Pensei em ir de carro, mas por fim optei por ir andando. Fones de ouvido apostos, The Beatles ao fundo. Assim já faço exercício físico e compras. Tudo de uma vez só.

Dois coelhos com uma cajadada...

No mercado já fui direto na sessão de chocolate, que pra minha sorte é a mesmo do café. Já peguei logo dois pacotes para garantir. Passei pelo corredor da canela e dei uma volta pelo setor de queijos.

Afinal, um dia que começa com café pode muito bem terminar em vinho.

Na volta para casa troquei os Beatles pelo Led Zeppelin. E acabei parando na Starbucks.

Pedi um cappuccino canela e fiquei ali pensando na vida. Sobre esses momentos de ócio que nos tiram toda a pressa de uma vida agitada.

A cada pessoa que encostava no balcão eu imaginava qual a história escondida para aquele copo de café.

Expresso, Cappuccino, Frappuccino...

Enfim, tantas histórias que poderiam ser contadas por essas linhas e eu cheio de sacolas de mercado e sem meu laptop.

Em casa tenho um gato à minha espera, um livro sobre a mesa e uma garrafa de vinho merecendo ser aberta.

Se o próximo texto não for manchado de café, com certeza será manchado de vinho.

Com tantas companhias, essa noite não termino sozinho.

Jefferson Ribeiro é autor e cronista (jeffribeiroescritor@gmail.com)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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