Opinião

Um retrato da nossa economia

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O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 0,9 % no segundo trimestre deste ano, comparado com o primeiro trimestre, que já havia crescido 1,8 %, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com esses desempenhos, já se projetam que a economia brasileira poderá crescer cerca de 3,0 % neste ano.

Considerando que o crescimento líquido populacional vem se posicionando em torno de 0,6 % ao ano, teremos um desenvolvimento econômico relativamente robusto.

No primeiro trimestre, tivemos o destaque do crescimento do agronegócio; no segundo trimestre, as âncoras foram o Setor de Serviços e o Industrial. Ficou, todavia, aquém, o crescimento dos investimentos de apenas 0,1 %. A formação bruta de capital fixo (investimentos), é sempre a mola propulsora de um crescimento econômico sustentável e modernizador do País. Se baixo, a economia pode experimentar o que chamamos de "voo de galinha", ou seja, em crescimento intercadente e insustentável.

Para se ter uma visão de indicadores comparativos, verificamos o desempenho das maiores economias do mundo, no segundo trimestre: Japão 1,5 %; China 0,8 %; Estados Unidos 0,5 %; França 0,5 %; Espanha 0,4 %; Canadá 0,3 %; Reino Unido 0,2 %; União Europeia 0,0 %; Alemanha 0,0 %; Itália (-) 0,3 %; Holanda (-) 0,3 %.

Outro indicador econômico, de grande relevância para o País é o que trata da inflação. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) Amplo, ficou em 0,87 % em agosto passado e, em doze meses (setembro/22 a agosto/23), em 3,99 %, indicando que poderemos ter neste ano uma inflação um pouco menor que 5,0 %. Quanto menor a inflação, também será menor a perca de poder de compra das camadas da população com rendas mais baixas.

Olhando para o desempenho do País no Comércio Exterior, também verificamos um resultado positivo, com as exportações, de janeiro a agosto deste ano alcançado a cifra de US$ 225 bilhões e as importações com um total de US$ 162 bilhões, com um superávit comercial de US$ 63 bilhões. Só o agronegócio exportou US$ 121 bilhões.

Como nem tudo são flores , na questão fiscal, tivemos em julho passado, um déficit primário de R$ 35,8 bilhões. De janeiro a gosto, o País teve um déficit primário no Orçamento Público, de R$ 76,7 bilhões, sem contar os juros pagos no período próximos de R$ 350 bilhões. Em igual período de 2022, tivemos um superávit primário de R$ 78,8 bilhões.

No LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) para 2024, enviada pelo Governo ao Congresso Nacional, o orçamento prevê um equilíbrio entre receitas e despesas, portanto, zerado o resultado primário no próximo ano. É exatamente aí que provoca um grande questionamento no País. Até aqui, o Governo só implementou, à exceção da tributação dos "fundos Offshore", medidas de incremento das despesas. A conclusão, claro, é que o equilíbrio projetado só pode vir a custo de mais impostos, bem mais.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (messiasmercadante@terra.com.br)

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