A educação positiva é um conceito da psicologia que preza pelo bem-estar familiar entre pais e filhos, promovendo a autonomia das crianças. Para isso, os pais devem focar na compreensão das atitudes dos filhos para então tomar uma atitude assertiva, prezando pelo diálogo. É necessário, porém, um equilíbrio entre a firmeza e a gentileza, para que a educação não seja autoritária e nem permissiva demais.
Educadora parental, Juliana Souto explica como funciona o método, que exalta a maturidade dos pais. "É possível ter uma educação firme e gentil ao mesmo tempo. Criança não sabe lidar com emoções, o que leva à birra, ao choro. As crianças não têm maturidade e precisam se expressar de alguma forma. Os pais precisam se controlar emocionalmente para educar os filhos."
Ela comenta sobre o método utilizado. "O objetivo é encorajar as crianças a serem pessoas mais responsáveis, resilientes e corajosas. Trabalho com acolhimento de mães há algum tempo e hoje sou educadora parental e aplico as ferramentas da educação positiva. Fomos educados de outra forma, mas hoje os pais têm que estudar para educar, para ter um lar harmonioso e respeitoso. Vejo melhora nos meus atendimentos", comenta.
Juliana percebe que nos últimos anos houve uma inversão, do autoritarismo à permissibilidade. Sobre a educação mais violenta, que apenas recentemente começou a ser mais questionada, ela diz que gera reflexos na vida adulta. "Sempre há as pessoas que falam que apanharam na infância e estão vivas. A gente fala que a infância é o chão em que aquela pessoa vai pisar para o resto da vida. Com certeza esse adulto tem algum trauma, alguma insegurança, que pode gerar uma ansiedade, uma depressão. Mas era o que nossos pais tinham na época. Hoje, os pais trabalham muito e, como compensação, acabam sendo permissivos quando estão com os filhos. Compram tudo que a criança quer, deixam ficar no celular, mas criança precisa de interação. Telas são um veneno."
APLICAÇÃO
Juliana Demarchi Correia e o marido, Carlos Eduardo Correia, adotam a educação positiva com as filhas gêmeas Helena e Isis, de um ano e sete meses. Ela conta que é um desafio necessário. "A gente vem de uma educação diferente. Não criticando os nossos pais, era o que eles podiam fazer, mas sempre me esforço para lembrar que elas não têm maturidade para entender o que eu entendo. Se acontece algo, respiro fundo e busco uma maneira de as coisas serem mais tranquilas."
Para Juliana, as filhas compreendem melhor o que devem fazer quando ela passa tranquilidade do que quando grita. "Eu achava que era uma educação permissiva, mas, entendendo melhor, a gente vê que não é bem isso. Hoje elas estão numa fase de comer sozinhas. Em determinado momento, jogam comida no chão. Nesse ponto, sou mais firme, repreendo e, se continuarem jogando, tiro a comida. É nesse momento que tem que ser firme. Aí elas choram, porque querem comer, dou a comida de volta, mas fico mais esperta, se quiserem jogar de novo, já seguro a mão. Tem que dar limite, mas sem ser muito reativa, sempre ensinando."
Com duas filhas sendo educadas ao mesmo tempo, Juliana desenvolve a educação positiva dentro do possível, mas sempre prezando pelo diálogo. "Desde que engravidei, busquei formas diferentes de educar e estudei para chegar no meu caminho, porque, com duas, tem teoria que não funciona. Tenho encontrado a educação que tento fazer da forma mais positiva possível. Busco não falar só 'não' ou 'para', tento explicar por que elas não podem fazer algo", conta.