No começo deste ano, a ONU divulgou o ranking da desigualdade no mundo. Nosso país, em 8º lugar na lista, está entre as nações de desigualdade extrema. Aqui, segundo dados do IBGE, os 50% mais pobres ganham 29 vezes menos do que os 10% mais ricos. Na França, essa proporção é de apenas 7 vezes.
Inúmeros fatores contribuem para essa desproporção: saneamento básico precário, persistência de discriminação racial e de gênero e baixa qualidade no atendimento à Educação e à Saúde.
Em conjunto, a combinação desses fatores tem como resultado a deficiência do acesso ao conhecimento, o verdadeiro motor do desenvolvimento social. Em levantamento realizado pela IEA (Associação Internacional para a Avaliação de Desempenho Educacional), que analisa as competências de leitura de alunos de escolas públicas e privadas em 57 países, divulgado em maio deste ano, o Brasil ficou em 52º lugar.
De acordo a 14ª edição do Ranking do Saneamento, publicada pelo Instituto Trata Brasil, aproximadamente 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água potável e cerca de 100 milhões não têm acesso a serviços adequados de esgoto. Dados de 2021 apontam que mulheres e negros enfrentam salários significativamente mais baixos em comparação com brancos do sexo masculino. Enquanto áreas urbanas mais desenvolvidas têm acesso a hospitais e clínicas de qualidade, muitas regiões rurais e comunidades carentes não têm igual facilidade.
Superar a desigualdade social no Brasil requer esforços abrangentes e colaborativos em várias frentes.
Investimento em educação de qualidade: garantir que todas as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade é fundamental para romper o ciclo de desigualdade. Isso inclui melhorar a infraestrutura escolar, valorização dos professores e criação de programas de incentivo para o sucesso acadêmico. Trata-se de um programa factível, como demonstram as performances de Pernambuco e Ceará, hoje considerados estados modelo no setor.
Melhoria do saneamento básico: investir em infraestrutura de saneamento básico em áreas carentes pode melhorar a saúde das comunidades e reduzir as disparidades. O desenvolvimento da nossa cidade em grande parte se deve à melhoria desses serviços. Jundiaí é um exemplo disso.
Políticas de inclusão no mercado de trabalho: implementar estratégias que promovam <ctk:30>igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, como ações afirmativas e programas de capacitação que contribuam para redu<ctk:20>zir as diferenças salariais e combate à discriminação racial e de gênero.
Acesso universal à saúde: investir em sistemas de saúde acessíveis e de qualidade para todas as regiões do país é essencial para garantir que todos tenham serviços médicos necessários à disposição.
Redução das disparidades regionais: políticas públicas que reduzam as disparidades econômicas e sociais entre diferentes regiões do Brasil podem contribuir para um desenvolvimento mais equitativo.
Em resumo, a desigualdade social no Brasil é um desafio complexo, mas não insuperável. Por meio de políticas públicas eficazes, investimentos em áreas críticas e um compromisso contínuo com a justiça social, o país pode trabalhar em direção a um futuro mais igualitário e inclusivo para todos os seus cidadãos.
Muitos devem achar que isso é uma utopia. Mas o fato é que os países desenvolvidos seguiram exatamente esse caminho.
Miguel Haddad é advogado, foi deputado e prefeito de Jundiaí (miguelmhaddad@gmail.com)