Opinião

Taxa de juros e taxa de câmbio

09/08/2023 | Tempo de leitura: 2 min

Nos estudos macroeconômicos, encontramos dois grandes "preços" na economia: A taxa de juros e a taxa de câmbio. A partir desses indicadores, a economia se movimenta, ou seja, os Agentes Econômicos se posicionam e agem no "mercado", com reflexos positivos ou negativos, conforme a dinâmica desses "preços", podendo provocar um efeito multiplicador na atividade econômica ou, ao contrário, uma estagnação ou recessão econômica.

Não obstante a preponderância e importância desses índices, eles não são autônomos e não se movimentam por si sós, são reflexos dos fatos que ocorrem na economia de um país e também dos fatos e tendências econômicas na economia mundial.

Trata-se de um processo de interdependência, de causa e efeito. Se a inflação estiver alta, a política monetária do Banco Central será a de elevar a taxa de juros para reduzir a "demanda agregada" para consumo e investimentos, buscando o equilíbrio entre a demanda e a oferta de bens e serviços, combatendo assim a inflação.

Juros mais altos aumenta o "custo financeiro" sobre a dívida interna e, normalmente, tende a provocar o aumento da dívida em relação ao PIB (Produto Interno Bruto do País).

No caso do Brasil, temos um PIB da ordem de aproximadamente R$ 10 trilhões e uma dívida interna do Setor Público (União, Estados, Municípios e Empresas Estatais) de cerca de R$ 7,4 trilhões, ou seja, de 74,0 % do PIB (riqueza produzida anualmente pelo País). Qualquer aumento de 1,0 % nos juros básicos - Selic, que remunera os Títulos Públicos da dívida, o Orçamento Público paga a mais, considerando os números acima, um total de R$ 74 bilhões de juros, anualmente, agravando a capacidade do Governo de investir em setores fundamentais para o país.

A política monetária do Banco Central atua para reduzir a "demanda agregada", tanto do Setor Privado como do Setor Público. Se, todavia, o Governo Federal praticar políticas expansionistas, com gastos públicos exagerados que, inevitavelmente, provocarão aumento do Déficit Público e, consequentemente, da dívida pública. A política fiscal do Governo caminhará na direção contrária a da política contracionista do Banco Central e reduz a eficácia da política de combate à inflação.

Já a Taxa de Câmbio interfere na atividade econômica de um país, podendo provocar surtos inflacionários; aumento ou redução dos investimentos estrangeiros no país; aumento ou redução, tanto nas exportações como nas importações; aumento ou redução da dívida externa, em reais (dependendo da taxa de câmbio) e, pode estimular ou desestimular a atividade econômica, a partir do aumento ou redução dos investimentos na economia.

Quando a taxa de câmbio sobe, por exemplo, o dólar sobe em relação ao real; as importações ficam mais caras e provocam aumento nos preços internos. Todavia, com o dólar valendo mais, os investidores externos tendem a investir mais no país, a dívida externa, em reais, aumenta e gera maior custo para o país.

Outros efeitos ocorrem. Porém, ficará para uma próxima oportunidade.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia, membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresas (messiasmercadante@terra.com.br)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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