LENDAS

Maria dos Pacotes e Mudinho são figuras do folclore jundiaiense

Por Rafaela Silva Ferreira | Jornal de Jundiaí
| Tempo de leitura: 3 min
Acervo professor Maurício Ferreira
Embora conhecida por meio de uma lenda, Maria dos Pacotes foi real e tinha problemas mentais
Embora conhecida por meio de uma lenda, Maria dos Pacotes foi real e tinha problemas mentais

Jundiaí não é apenas conhecida como a "Terra da Uva". A cidade também mantém suas raízes culturais nas tradições folclóricas. Com a celebração do dia do folclore (22/08) à vista, a reportagem do JJ conversou com figuras importantes para descobrir as nuances e significados que permeiam as lendas locais.

O cientista social, Samuel Vidilli, 41 anos, conta sobre algumas. "Existe uma que se chama 'A Mãe Jundiaiense', que perdeu os filhos na guerra do Paraguai. Na lenda, os filhos morreram de fome na guerra e na retirada da laguna, a mãe resolveu ter o mesmo destino que eles."

Samuel também cita a famosa "Maria dos Pacotes", tão falada e tão lembrada na cidade. Na lenda, a mulher chamava a atenção pelas ruas, levando seus pacotes amarrados na cintura. Em torno dela havia a história de que falava russo e que teria ficado traumatizada ao ser abandonada no altar no dia de seu casamento. Mas, o que poucos sabem, é que a mulher era de carne e osso e tinha problemas mentais.

Jundiaí também possui personagens e figuras folclóricas emblemáticas, assim como a história dos indígenas gigantes que guardavam a Serra do Japi. No entanto, Samuel explica que essa história não nasceu em solo jundiaiense. "Na verdade foi criada por uma pessoa que não morava em Jundiaí, o homem que idealizou o brasão da cidade. Os índios gigantes que haviam no Brasil, eram os chamados 'Panará'. Eles não eram dessa região. Muito pelo contrário, estavam bem longe."

O melhor exemplo de folclore da cidade, segundo o cientista, é a lenda da "Petronilha Antunes". "A lenda diz que Rafael de Oliveira e Petronilha Antunes fugiram de São Paulo depois de assassinarem o marido dela. Nessa fuga chegaram, em 1615, em Jundiaí, onde levantaram uma capela invocando Nossa Senhora do Desterro. É a maior lenda que temos, digo isso porque não há nada de histórico nela."

O professor e proprietário do Sebo Jundiaí, Maurício Ferreira, de 61 anos, comenta que começou a pesquisar sobre o folclore aos 6 anos. "Uma das lendas que sei é a do 'Mudinho'. Jundiaí teve dois deles, um nos anos 40, que era vendedor de bilhete e o segundo nos anos 90, que ninguém sabe o nome dele. Esse Mudinho andava bem trajado e muitos dizem que de mudo não tinha nada. Quando não davam o que pedia, ele xingava e dava socos. As crianças morriam de medo por conta do olhar hostil que Mudinho carregava. Ele também pedia comida, mas gostava de alimento cru."

Maurício também cita a história do Detetive Susto. "É uma das figuras mais lendárias. Ele nasceu em 1939 em Jundiaí, fez um curso de detetive por correspondência e se intitulou detetive particular. Pouca gente sabe que o nome dele era Benedito Xavier de Aguiar, era neto de escravos, porém andava bem vestido e tinha uma presença marcante no centro da cidade. Segundo ele, participou de alguns filmes do Mazzaropi, que foram rodados na Serra do Japi."

Quanto ao apelido "Susto", o professor explica a origem. "Isso surgiu no Bolão, porque o ginásio fazia um eco enorme. Uma vez, o Detetive levou uma bolada berrou 'que susto'. Aquilo ecoou e o apelido pegou."

Benedito morou em diversos bairros de Jundiaí. Maurício conta que o Detetive tinha uma placa bem curiosa em frente de sua casa. "Era uma placa escrito 'não atendo pelo nome de Susto'. Eu reconstituí essa placa com a ajuda de uma pessoa que amava Jundiaí, o Mágico Mandu. Infelizmente, ele faleceu há alguns anos", lembra, finalizando.

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