OPINIÃO

Avós merecem acatamento e respeito

23/07/2023 | Tempo de leitura: 3 min

O Dia dos Avós é celebrado em diversos países em 26 de julho, quarta-feira próxima, pois é o dia de Santa Ana e São Joaquim, considerados avós de Jesus Cristo por serem pais de Maria. A primeira também é considerada Padroeira das Gestantes por ter concebido sua única filha em idade avançada e depois de ser considerada estéril. Trata-se de uma celebração quase desconhecida e que no passado chegou a receber, sem êxito, algumas investidas do comércio, logo ofuscadas pela proximidade do Dia dos Pais, alvo principal das atenções mercantis nesta época. Mas não deixa de ser importante, por destacar o papel que exercem na família, já que em muitas vezes, constituem-se no suporte afetivo e financeiro de pais e filhos, estando à frente inclusive, da educação de seus netos, com sabedoria, experiência e certeza de um sentimento maravilhoso de estar vivenciando os frutos de seu fruto, ou seja, a continuidade das gerações. Por tais aspectos, diz-se "que a avó é mãe duas vezes".

Revela-se assim, num momento de reflexão e agradecimento. Festeja-lo significa reverenciar experiência de vida, reconhecer o valor da sabedoria adquirida, não apenas nos livros, nem nas escolas, mas no convívio com as pessoas e com a própria natureza. Asseguram-lhes a noção de desenvolvimento da vida humana em seus vários momentos e fases, e mantém um contato rico, que ensina os jovens a respeitarem os mais velhos e às suas experiências, através do sentido histórico da existência e das próprias raízes. Além do mais, têm obrigações legais.

É o caso do disposto no Código Civil Brasileiro que estabelece o direito aos alimentos recíprocos entre pais e filhos e extensivo a todos os ascendentes, podendo ser chamados a intervirem num eventual sustento dos netos, quando os pais destes estiverem na absoluta penúria, na ausência constante de emprego ou forem portadores de incapacidade física ou moléstia grave.

O direito de visita também lhes é reconhecido como uma compensação a essa obrigação alimentar decorrente do elo sanguíneo e em razão da solidariedade familiar, movido ainda por sentimentos de amor, de gratidão e de solidariedade que efetivamente devem predominar nesses relacionamentos, para que a família consiga uma convivência serena e enriquecedora entre seus membros.

Os avós são figuras tão importantes na vida familiar que a Lei 12.398/2011, além de lhes garantir expressamente a visita aos netos, permite-lhes inclusive, a critério do juiz, o direito de guarda e educação dos menores, levando-se em conta os interesses da criança ou do adolescente.

Por outro lado, devemos reverenciar e respeitar sempre os mais velhos. Só temos a ganhar muito com isso. Cada ruga, às vezes, representa uma história. E são tantas. Vamos ouvi-las, curti-las e principalmente respeitar cada idoso, pois poderemos aprender muito e ainda retribuímos um pouco pelo muito que fizeram e fazem por nós, pela sociedade e pela humanidade como um todo.

Avós merecem consideração e veneração, pois já viveram muito, possuem grande experiência de vida e podem transmitir muitos ensinamentos a todos da família. A maioria delas constitui num grande exemplo de trabalho, de honestidade, de paciência, de fé, de firmeza e principalmente de muito amor. Às vezes, mostram-se em força estabilizadora dentro do lar, em exemplos reais de superação humana e em arquivo imenso de bons conselhos. Até porque sãos eles que, dentro modernamente, recuperam os valores culturais, religiosos e morais antigos. São o elo que liga o passado, o presente e o futuro. Depende do amor e do respeito conservar essa ligação essencial à humanidade.

JOÃO CARLOS JOSÉ MARTINELLI é advogado, jornalista, escritor, professor universitário e ex-presidente das Academias Jundiaienses de Letras e de Letras Jurídicas (martinelliadv@hotmail.com).

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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