Opinião

De boas intenções o inferno está cheio

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Querido leitor,

No Budismo Kadampa fazemos preces para a Mãe Tara, a mãe do Buda da compaixão, todo dia 8.

Todos os Budas nascem da mente de compaixão. A compaixão sem sabedoria nos faz sofrer porque não sabemos como ajudar efetivamente alguém. A mãe Tara é a sabedoria desse Buda. Com ela poderemos efetivamente ajudar. É uma deidade feminina que livra os seres do sofrimento.

Sempre que queremos ajudar alguém e o fazemos, mesmo que com boa motivação, usamos nosso ponto de vista.

Nosso ponto de vista sempre está equivocado, pois leva em conta nossas próprias experiências e cada um de nós têm experiências diferentes.

O problema que "achamos" que está acontecendo com essa pessoa nem sempre é da maneira que percebemos.

Desta forma, quando vamos ajudar, cometemos vários equívocos e não é raro ouvir que nossa ajuda não é desejada.

Do nosso lado pensamos que é injusto rejeitar nossa ajuda, mas, pensando bem, temos percepções diferentes sobre o mesmo assunto; sendo assim muito difícil ajudar alguém.

Finalmente entendemos o provérbio que diz "de boas intenções o inferno está cheio.".

Sim, com boas intenções de resolver o problema de alguém confundimos tudo e muitas vezes pioramos ainda mais aquilo que já estava ruim.

Nosso ponto de vista é só nosso, ninguém tem exatamente a mesma perspectiva pois, como dito, temos experiências diferentes. Eventos que aconteceram conosco e isso por sí não nos torna sábios.

Para ajudar alguém, mais do que experiência precisamos ter sabedoria.

Sabedoria só se consegue adquirindo conhecimento, compreensão e compaixão.

Sabedoria é uma mente inteligente e compassiva, inteligência comum não é sabedoria.

Para adquirir sabedoria é necessário ouvir, contemplar o que ouvimos e depois de encontrar uma conclusão misturar isso com nossa mente.

Conhecimento vem da busca por informações e, encontrar uma fonte confiável de conhecimento depende de admirarmos o que ouvimos, confiar e finalmente almejarmos realizações deste conhecimento e dessa pessoa que admiramos.

É uma busca pessoal. Por mais que o sofrimento de alguém nos comova, só poderemos ajudá-lo se tivermos sabedoria.

Algum tipo de ajuda, porém, pode ser que a gente consiga oferecer, como por exemplo: cuidar daqueles que estão doentes, ajudá-los nas tarefas domésticas, levá-los ao médico, preparar alguma alimentação, mas isso não é resolver o problema deles.

Por isso confiar em Tara, que é a sabedoria do Buda da compaixão, é muito importante. Quando rezamos para Tara ela nos mostra o que devemos desenvolver para adquirirmos sabedoria, ela abre nossa mente para aceitar o que não podemos mudar e o que podemos.

A nossa missão é, com uma mente de compaixão, aumentar nossa sabedoria para podermos, cada vez mais, nos aproximarmos da mente iluminada, só um Buda ajuda efetivamente todos os seres.

Por fim vamos conseguir levar paz para todos e cada um dos seres vivos todos os dias.

Essa é a função de um Buda.

Gen Chime é monja e professora do Centro Budista Kadampa em Jundiaí (kelsang.chime.br@gmail.com)

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