Opinião

Restaurantes no campo

Por |
| Tempo de leitura: 3 min

Essa história começou com estabelecimentos como o Spiandorello, Passarin e o Carpas, que surgiram para alimentar os operários das fábricas que ficavam em seus entornos durante a semana e às famílias que buscavam algo diferente aos fins de semana. Todos esses estabelecimentos eram retirados, não ficavam na região central da cidade.

Com o passar do tempo, esse tipo de restaurante, que tinha como base de seu cardápio a comida simples dos chamados colonos italianos (linguiça, polenta, macarrão e risoto de miúdos) fez cada vez mais sucesso em nossa região e não apenas pela culinária, mas sim pela oportunidade que as pessoas têm de sair e almoçar tendo como companhia a sombra das árvores, as nuvens, a temperatura agravável. Eu particularmente tenho excelentes memórias em lugares como esses. E não só eu, mas minha família toda. Comemorações de batizados, Primeira Comunhão. Ou simplesmente sair da rotina e ir comer um frango frito debaixo daquelas árvores e esquecer um pouco dos problemas da vida. Há umas duas semanas fui almoçar com um dos meus melhores amigos e seus filhos. Uma das crianças é minha afilhada. Brincamos no parquinho, comemos macarronada, rimos. São coisas boas que quebram a rotina.

De fato, muitos desses estabelecimentos surgiram em Jundiaí com essa temática e em vários bairros (não mais apenas no tradicional Caxambu) em que se pode ir e passar uma boa parte do dia descansando e apreciando a natureza. Surgem cada vez mais novos e em outras regiões, como Corrupira, Traviú etc. Todos eles com opções, desde as mais rústicas até jardins que lembram palácios toscanos.

Tal modelo de negócios é muito interessante e tem um potencial incrível também em ajudar a preservar o cinturão verde que existe na cidade, promovendo a agricultura, o negócio familiar e o turismo local. E não é incomum, ao visitar um desses restaurantes aos domingos, perceber como ficam lotados de turistas que passam pela região e resolvem aqui fazer uma refeição mais esticada com direito a um drink e um passeio na propriedade. Viva a prosperidade!

Mas ao mesmo tempo esse excesso de pessoas pode causar problemas. E para isso é necessário que haja uma atenção especial ao planejamento urbano, ao trânsito. Está se tornando difícil, em certos horários, em determinados dias da semana, ir a alguns dos bairros da cidade almoçar. Alguma coisa está errada. Sim, a cidade cresceu e o número de habitantes também. Mas é preciso entender que esse movimento é, de certa forma, irreversível. É preciso dar suporte também a esses modelos de negócio, que são uma importante fonte de renda além de um excelente evento que atende famílias, casais, grupos de amigos, todas as pessoas que querem passar bons momentos em nossas paisagens.

É uma situação grave? Não. Na verdade, graças a Deus e a muito planejamento, não existem questões terrivelmente graves em nossa cidade. Mas é necessário dar atenção a essa vocação que se consolida em nossa terra: a do turismo rural, gastronômico. Para que os passeios não se tornem pesadelos de fins de semana.

Samuel Vidilli é cientista social (svidilli@gmail.com)

Comentários

Comentários